Os nove vereadores de Dores do Rio Preto não apresentaram nenhum projeto de lei nos oito meses deste ano. Único texto de iniciativa da Câmara foi para reajustar seus próprios salários, em junho, de R$ 3,4 mil para R$ 3,6 mil. A informação foi publicada por uma matéria no site da Gazeta Online, um dos maiores jornais em circulação no Espírito Santo.
Confira a matéria na íntegra:
Os nove vereadores de Dores do Rio Preto, no Sul do Estado, não apresentaram nenhum projeto de lei nos oito meses deste ano, mas foram rápidos ao corrigir, pelo índice da inflação, seus próprios salários em junho, de R$ 3,4 mil para R$ 3,6 mil.
Sem constrangimento, quem admite isso é o vereador Cleudenir Neto (PDT), o Ninho, deixando claro o motivo da baixa produtividade legislativa: “Nenhum de nós apresentou projeto de lei porque não adianta, será ilegal se criar despesas para o município. A cidade é pequena, tem arrecadação baixa, fica no sufoco. Mas eu fiscalizo a prefeitura, cobro mesmo! Somos funcionários públicos e temos que dar satisfação ao povo”.
Neinha do Eurico (PDT), porém, garantiu à reportagem que sugeriu leis este ano. Instada a citar apenas um projeto, respondeu: “Não vou lembrar de cabeça. Está tudo arquivado; alguns não foram aprovados, outros estão andando. Estou em viagem. Mais tarde eu te ligo”, e encerrou a chamada.
Ao atender a reportagem, um assessor da Casa pediu prazo até segunda-feira para apresentar os projetos de iniciativa parlamentar, argumentando a ausência da servidora do setor, que fica sem sinal de celular na zona rural, onde mora.
O site da Câmara não lista projetos e nem cita o partido dos edis: nas “proposições”, aparecem apenas dezenas de requerimentos de informação, além da leva de indicações (sugestões) de vereadores à prefeitura.
O funcionário chegou a dizer, sem dar certeza, que apenas um projeto de lei dos vereadores havia passado este ano, mas não quis dar detalhes. Sobre o tal texto, Ninho decifrou o mistério: “Não é projeto de lei, é a resolução administrativa da comissão de Finanças que reajustou nosso salário. Foram cinco votos a favor, contra três. Votei contra. Mas foi pela inflação só, 6,23%”.
Segundo Ninho, nos últimos tempos a Câmara se incumbiu de votar os estatutos do magistério e dos funcionários públicos – propostas do Executivo. Seu discurso revela que a política partidária ferve, como é típico em cidades pequenas. A atuação parece mais fiscalizadora. Há quatro vereadores de oposição à prefeita Cláudia Bastos (PSDB).
“Fizemos mais de 150 requerimentos de informação no mandato, mais de 30 este ano, para investigar a prefeitura. Nem faço indicações para não atrapalhar a comunidade. A prefeita não gosta de mim mesmo”.
A reportagem não conseguiu falar com outros vereadores.
Da Gazeta Online.