Crueldade e frieza marcam a tragédia familiar registrada em Martins Soares. Vizinhos e conhecidos ainda tentam compreender a violência praticada por um “pai”. O vidraceiro Wendel de Soares Martins, 29 anos, não esboçou reação e nem demonstrou qualquer ressentimento por ter tirado a vida do filho de apenas três anos. Tudo motivado por uma “vingança” contra a esposa Inês Emerick Aguiar, 30 anos, que decidiu se separar dele.
Era uma noite qualquer na pacata Martins Soares. Segunda-feira, 21/12, 21 horas. A mãe da professora Inês e o irmão dela foram até a casa para busca-la e a criança.
Durante o dia, um advogado havia dado a notícia para Wendel de que a esposa queria se separar. Ao chegar em casa, Inês conversou com o marido e disse que iria para a casa da mãe dela.
Wendel demonstrava aceitar tudo com naturalidade. Pediu para brincar com o pequeno Olavo até 22 horas, já que iriam embora. Enquanto ficou no quarto com a criança, a esposa foi tomar banho. A sogra e o cunhado esperavam do lado de fora.
Inês relatou aos policiais que “entrou para o banheiro para tomar banho, porém, ouviu o grito de seu filho e saiu correndo para ver o que estava acontecendo. Wendel estava golpeando o Olavo com uma faca. Entrei na frente, apanhei meu filho e tentei correr, foi quando ele me golpeou também com a faca. Eu gritei e minha mãe e meu irmão vieram me socorrer”.
Na rua, vizinhos vieram acudir, enquanto a Polícia Militar foi acionada e Wendel foi deixado trancado em casa.
O relato do tio da criança é mais chocante. Segundo William se atracou com o cunhado para socorrer a irmã e o sobrinho. Os dois ficaram no chão durante aproximadamente um minuto, tendo William conseguido imobilizar o autor. No momento da imobilização, Wendel teria dito que “não reagiria mais”, e William teria feito a seguinte pergunta: “Você viu o que você fez com o seu filho?” e o autor respondido: “Fiz isso pois vocês queriam tirá-lo de mim”. Neste momento a testemunha largou o autor no chão e foi socorrer a mãe e o filho.
Várias pessoas se aglomeraram do lado de fora da casa para evitar uma tentativa de fuga de Wendel. Olavo foi socorrido e não resistiu. Foi esfaqueado três vezes no peito. A mãe foi trazida para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Manhuaçu e não corre risco de perder a vida, apesar de naturalmente abalada e chocada com a morte da criança.
Na casa, os policiais encontraram a faca usada no crime, manchas de sangue pelo chão e próximas dos brinquedos em que o menino brincava antes de ser morto pelo pai.
A prisão de Wendel reforçou a impressão de frieza e crueldade para os militares. Ele não ofereceu resistência e encontrava-se calmo, tendo em vista a gravidade do crime que havia cometido. Nesse intervalo, Wendel lavou as mãos e trocou de roupas sujas de sangue.
Em todo o período entre Martins Soares e Manhuaçu e durante o registro da ocorrência, o autor não esboçou nenhum sinal de tristeza ou arrependimento, permanecendo calmo todo o tempo.
Durante a entrevista, Wendel falou que não sabe o que aconteceu: “Não houve motivo algum. Eu não sei, porque meu filho era tudo para mim. Não sei oque aconteceu. Foi uma discussão entre eu e minha mulher. Quando eu vi chegou minha sogra, meu cunhado e, quando vi, não sabia o que estava acontecendo. Simplesmente isso, não sei explicar”.
O vidraceiro foi conduzido para a delegacia de Polícia Civil e autuado pelo crime de homicídio.
Do Portal Caparaó.