O colunista do Portal Espera Feliz, Farley Rocha, acaba de lançar Livre Livro Leve, seu segundo livro de poesias. A coletânea reúne 38 poemas que trazem reflexões particulares sobre a vida e a interação entre mundo e linguagem. Com bom-humor e muita imaginação inventiva, a obra visita temas desde os mais complexos como o existencialismo e o nosso lugar no universo, passando pelas incertezas e deleites do amor, até às situações mais efêmeras do cotidiano. “Neste livro, tento redescobrir o mundo como forma de entendê-lo, fazendo de cada texto um recorte da realidade ao garimpar novos significados em questões excepcionais ou corriqueiras”, explica o autor, que em 2011 estreou com Mariposas ao Redor, um apanhado poético composto entre os anos de 2001 e 2008. “A principal diferença do meu primeiro livro para o segundo, é que neste faço um trabalho mais aprofundado com a linguagem, como se para cada tema eu buscasse o melhor suporte para comunicar a mensagem”, afirma.
E é a “linguagem” a chave de acesso ao Livre Livro Leve. Fazendo uso do experimentalismo, o poeta transita pelos mais variados gêneros textuais como se buscando o lirismo possível, o que imprime a sensação de que o livro está em constante movimento como se fosse uma máquina de palavras e pensamentos. “A ideia central do livro é explorar na tecnologia da linguagem suas ilimitadas possibilidades de sentido. Procuro fazer dos poemas muito mais que palavras e versos, construo pequenos objetos mecânicos onde a poesia é o que gera seus movimentos”, define.
Já que o autor não segue uma fórmula fixa de poesia, o grande lance da obra é o tom imprevisível que a leitura sugere. Seu ponto de partida é o verso simples, mas a cada página novos gêneros e estéticas se cruzam formando uma teia de técnicas aparentemente desconexas, mas que, vista como um todo, ilustra a caótica coerência da vida que o poeta analisa. “Utilizei diversos aparelhos poéticos, como o haicai (um tipo de poesia japonesa), o soneto, a poesia concreta (técnica em que palavra, imagem e diagramação interagem entre si), além, é claro, do verso livre. Também adaptei à poesia outros suportes de comunicação, como por exemplo a publicidade, o diagrama e a tirinha,” conclui ele.
O poeta, que confessa ter como mestres Ferreira Gullar, Manuel Bandeira, Arnaldo Antunes, Drummond e Manoel de Barros, todos tão diversos, escreveu a maioria das peças de Livre Livro Leve entre 2005 e 2010, mas só o traz a público agora porque acredita que o ofício literário, embora parta de um impulso, é um trabalho de desconstrução de um ponto de vista para reconstruir uma sensação. “Considero a poesia um estado de espírito e a arte é a mídia pela qual se canaliza esse sentimento. Por isso, escrever significa materializar emoções, o que, pra mim, leva tempo”, reflete o autor sobre os dez anos de gestação desta obra.
Com caráter descomprometido e despojado, a coletânea propõe a interação entre obra e espectador, apresentando textos em que a participação do leitor é determinante para o sentido do poema. “Não há grandes pretensões neste livro senão a de que ele possa comunicar. Se ao menos um dos poemas fizer sentido a quem quer que seja, acho que atingi meu objetivo”, declara o autor.
O livro não possui formato impresso. Assim como o primeiro, Livre Livro Leve está publicado em versão virtual (a qual o autor chama de bookblog), e pode ser acessado e baixado gratuitamente em arquivo PDF pelo endereço www.livrelivroleve.blogspot.com.
Confira abaixo três poemas de Livre Livro Leve:
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Da redação do Portal Espera Feliz.