História e tradição da Igreja Matriz de São Sebastião

Localizada no coração de Espera Feliz e com mais de um século de existência, a Igreja Matriz de São Sebastião, muito mais que um templo religioso, é um símbolo cultural e um marco histórico da cidade.

Publicado em 31/08/2018 - 14:32    |    Última atualização: 31/08/2018 - 14:32
 

Foto: acervo do grupo de Facebook ‘Espera Feliz Antigamente’

A Igreja Matriz de São Sebastião, um verdadeiro cartão postal da cidade, chama a atenção não só pela imponência de sua beleza, como também pelo seu valor histórico e cultural. Construída há mais de cem anos, a igreja é uma espécie de testemunha ocular da história da cidade, que remonta desde o início do povoado, no início do século XX, até os dias atuais. Instalada no topo da colina popularmente conhecida como “morro da igreja”, assistiu ao desenvolvimento da cidade que cresceu a sua volta e às principais transformações que ocorreram no município até o presente.

Inicialmente seu padroeiro era São Francisco de Assis e sua arquitetura era bem diferente da atual. Conta-se que por volta de 1950 a região foi assolada por uma forte tempestade de gelo, que destruiu boa parte da igreja. Depois disso, ao ser reconstruída teve seu desenho remodelado e o interior do teto foi decorado com afrescos de anjos, santos e outros motivos bíblicos. Também teve seu padroeiro substituído por São Sebastião – em homenagem à comunidade de São Sebastião da Barra, povoado histórico localizado a 4 quilômetros da sede de Espera Feliz e que deu origem à cidade.

O curioso é que durante essa chuva todas as imagens presentes no interior da igreja se quebraram, mas apenas uma sobreviveu à tempestade: a estátua de São Francisco de Assis, levada posteriormente para a capela de mesmo nome na rua Major Pereira.

Já as pinturas bíblicas do teto, devido a altos custos de restauração, foram apagadas com reboco e tinta e se perderam no tempo. “Com a modernização da igreja, essas pinturas foram cobertas por volta de 1970, restando delas apenas algumas raras fotografias”, afirma Paulo Moreira da Silva, professor, católico e morador de Espera Feliz.

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Antigos conflitos entre a igreja e a comunidade

Para que a igreja matriz se estabelecesse, houveram muitos conflitos e embates entre padres e a população local. Segundo relatos, antigamente a região era habitada por um povo hostil e resistentes à mudanças. A exemplo de São Sebastião da Barra, que teve impedida por fazendeiros locais a construção da estrada de ferro no início do século passado, sob o argumento de que o progresso traria forasteiros, doenças e insegurança.

Tal hostilidade também atingiu os primeiros padres que aqui chegaram. De acordo com o Livro de Tombo (livro de registros pertencente à igreja matriz), no final de 1912 o Arcebispo de Mariana criou o curato no povoado onde hoje se localiza a cidade, e o Pe. José de Maria Gonzáles foi o primeiro cura. Segundo registros, este cura foi muito perseguido e desconsiderado pelo povo. Com isso, Espera Feliz tomou a fama de lugar de gente sem fé, sem religião e sem temor a Deus. Desde então passaram muitos párocos por aqui, como o Pe. Valentim, o Pe. Dr. Eurico Cabral, o Pe. João Coutinho entre outros, com a missão de consolidar a igreja católica nestas terras. “Os padres recebiam ameaças de morte, eram confrontados diariamente, não tinham paz nem mesmo em suas casas”, explica Padre José Herval Ferreira, atual pároco da igreja matriz.

Foto: Vanilton Guilherme.

A tradição católica

Com o tempo tais diferenças foram acertadas e a Igreja Matriz de São Sebastião se tornou referência de fé e religiosidade para os devotos. Tanto que até hoje a igreja possui como um de seus principais símbolos o seu sino, presente na torre desde sua fundação. “Antigamente ele funcionava como um meio de se comunicar com a cidade inteira, tanto para indicar as horas com suas badaladas, quanto para avisar sobre as missas, festas e falecimentos”, relata Paulo Moreira. Atualmente, quando não é tocado, as pessoas logo sentem falta, tamanha a importância que o sino representa para a cultura da cidade.

Quanto às comemorações religiosas, as principais festividades da igreja são a de Nossa Senhora da Glória, em agosto, o Mês de Maria, em maio, e o dia de São Sebastião, em 20 de janeiro, que também é feriado municipal.

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A igreja também exerce forte influência nas causas sociais da cidade, fazendo caridade aos mais pobres. “A Sociedade São Vicente de Paula, mais conhecida como Vicentinos, é um dos grupos que faz este trabalho, com doações de agasalhos e cestas básicas”, explica Paulo Moreira da Silva.

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Reportagem do projeto “Interventor Repórter”.
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Parceria: E.E. Interventor Júlio de Carvalho e Portal Espera Feliz

Texto: Danielly Alves de Souza, 16 anos, estudante do 1º ano do Ensino Médio

Professor Orientador: Farley Rocha


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