“Tomar água nos dá vida. Tomar consciência nos dará água”. Esta tem sido a maneira de pensar de muitos moradores de Guaçuí, que demonstram uma enorme indignação por causa da falta d’água no município, onde alguns bairros têm passado durante dias sem esse líquido precioso. Alguns cidadãos, inclusive, não escondem a revolta e descrevem como estão se sentindo nas redes sociais.
Diante do desassossego da população, a Folha do Caparaó mais uma vez foi em busca de esclarecimentos. O atual diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), de Guaçuí, José Maria de Oliveira, explica que, no município, existem três pontos de captação de água: São Felipe, Luzia e a estação de tratamento localizada próxima ao Morro Antônio Martins.
Desses pontos, São Felipe é um ribeirão maior e, por conta disso, segundo José Maria, não existem problemas de água nele. Porém, a captação da estação de tratamento do Morro Antônio Martins, que costumava girar em torno de 20 litros por segundo, hoje, está chegando a apenas 3 litros. E a de Luzia, que é era 56, agora, conta com 30 litros por segundo. Por isso, segundo o diretor do SAAE, a perda de água que chega às estações de tratamento é de 4 milhões a menos por dia. “O motivo é o prolongamento da seca e quanto mais tempo passar vai piorar. Em tempos de normalidade, podemos receber 127 litros por segundo e o que temos recebido são 82 litros, para tratar e distribuir em todas as redes da cidade”, argumenta.
Em relação a como é feita a distribuição de água nos bairros, o diretor do SAAE de Guaçuí informa que, quando a reserva não tem água, falta pressão. Assim sendo, de acordo com José Maria, a água vai parando nas partes baixas, para depois chegar às altas, impedindo a chegada do líquido à casa dos consumidores. “Hoje, a ação é pedir a Deus para chover, porque os córregos que a gente faz a captação estão baixos, praticamente secos. Outra solução seria a adutora nova de São Felipe chegar, que irá garantir 110 litros por segundo, para abastecer a cidade inteira”, enfatiza o diretor do SAAE de Guaçuí.
José Maria revela que tem pensado em usar o carro pipa para pegar água na prainha (tremedeira) e aumentar o volume de água da estação de tratamento, ao invés de distribuir essa água no município em outras atividades. Ele também diz que tem pedido ajuda à população, para que todos se sensibilizem sobre a situação atual em relação à água. Para o diretor do SAAE, os moradores não deveriam jogar água fora, como nos casos de lavar calçadas.
Agora, quanto ao fato da nova adutora de São Felipe, que estava com obras paralisadas, a Prefeitura de Guaçuí informa que o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) autorizou, nesta semana, o uso da faixa de domínio às margens da rodovia estadual ES185, que liga Guaçuí a Divino de São Lourenço. Com essa autorização, quando o documento oficial do DER chegar à Prefeitura, a administração municipal vai acionar a empresa contratada, via licitação, para que retome à obra, para a construção da adutora que vai canalizar água de São Felipe até a Estação de Tratamento, localizada no morro Antônio Martins.
A Prefeitura também esclarece que a administração passada fez o projeto de construção da adutora, mas não desapropriou a área em tempo de iniciar a obra, e por não ter cumprido com a parte dela, o resultado foi a paralisação da construção. Devido a isso, agora, a Prefeitura está com este transtorno, ou seja, a atual administração, em parceria com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), teve que fazer várias modificações no projeto, para que a adutora passasse em outro local (a faixa de domínio do DER, às margens da rodovia ES185). Essas alterações foram feitas no início desta administração, entretanto, necessitavam da autorização do DER, já que a rodovia é estadual. E a concessão para uso foi dada pelo Departamento somente nesta semana.
Do AquiES.com.br.