A nova presidente da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Sinara Meirelles, admitiu, nesta quinta-feira (22), que o abastecimento de água enfrenta ‘elevado nível de criticidade’ no estado e pediu que a população e as empresas reduzam o consumo em 30%.
Durante entrevista coletiva na sede da empresa, ela também não descartou a possibilidade de que haja racionamento e rodízio, e também que multas sejam aplicadas na conta. Conforme Sinara, o risco de racionamento é iminente, mas a Copasa tentará evitá-lo. Caso haja necessidade de medidas mais severas, o rodízio deve ser a primeira ação a ser tomada. Já o racionamento seria adotado se a situação se agravasse.
Para que essas medidas possam legalmente ser colocadas em prática, é preciso que a Copasa peça ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) que reconheça a gravidade da situação no estado. Sinara afirmou que esse pedido deve ser feito até esta sexta-feira (23). Campanhas educativas também serão adotadas.
De acordo com a presidente da companhia, a situação de 31 cidades da Região Metropolitana, entre elas Belo Horizonte, é “extremamente preocupante”. Segundo ela, levando em conta o pior cenário, em que não haja chuva nos próximos meses, os reservatórios que abastecem a Grande BH podem secar.
Hoje, os sistemas Rio Manso, Serra Azul e Vargem das Flores, integrados ao Sistema Paraopeba, operam com 30% da capacidade; há um ano, o índice era de 78%. A pior situação é a do Serra Azul, cujo nível chegou a 5,73%.
Segundo a presidente da Copasa, há dois anos, o nível dos reservatórios na Região Metropolitana vem caindo. De acordo com ela, os dados foram obtidos em levantamentos que já haviam sido feitos pela própria companhia.
A presidente anunciou também que a Copasa vai realizar ações de manutenção na rede para tentar reduzir o desperdício de água tratada. Segundo ela, hoje há 40% de perda desde a captação até a distribuição. O problema é causado por vários fatores, entre eles os vazamentos.
A companhia se comprometeu ainda a disponibilizar no seu site informações diárias sobre o nível dos reservatórios da Região Metropolitana de Belo Horizonte.disponibilizar no seu site informações diárias sobre o nível dos reservatórios da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Rio das Velhas
Além dos três reservatórios, que compõem o Sistema Paraopeba, o abastecimento na Região Metropolitana também é feito pelo Sistema Rio Das Velhas. O segundo não possui reservatório, sendo que a captação é feita por meio de fio d’água.
A vazão do Rio das Velhas, hoje, está em 8,85 m³/s. A média histórica em janeiro é de dez vezes mais: 80 m³/s. A captação máxima permitida por outorga é de 8,25 m³/s, porém, a Copasa afirmou que está retirando um volume menor do que o máximo para preservar o sistema.
Três cidades do interior
No estado, três cidades estão em situação crítica. Segundo Sinara, esses municípios são Campanário, no Vale do Rio Doce; Urucânia, na Zona da Mata, e Pará de Minas, na Região Central. Apesar disso, a presidente destacou que a situação mais “preocupante” é na Região Metropolitana, por causa do volume do abastecimento.
Gestão anterior
O ex-presidente da companhia, Ricardo Augusto Simões Campos, foi procurado pela nossa reportagem para falar sobre as responsabilidades da gestão anterior no agravamento da crise no abastecimento de água no estado, mas ele não retornou as ligações.
A assessoria do ex-governador de Minas, Alberto Pinto Coelho, informou em nota que a Copasa realizou campanhas de conscientização sobre o consumo de água e tomou medidas para expandir o abastecimento em todas as regiões de Minas.
Em relação à Região Metropolitana de Belo Horizonte, diz a nota, a Copasa implantou dois projetos para aumentar o volume de água no Sistema Paraopeba, composto pelo Rio Manso, Serra Azul e Várzea das Flores, com investimentos de cerca de R$ 700 milhões.
Com informações do G1