Jéssica e Sandro foram presos após a neta das vítimas suspeitar que eles aplicaram um golpe milionário na família.
A advogada Jéssica Torezani, 25 anos, e o agropecuarista Sandro Vescovi Mozer, 31 anos, foram presos nesta terça-feira (08), acusados de um golpe milionário contra duas idosas. O casal morava de frente para o mar na Praia de Itaparica, em Vila Velha e estava atuando em Espera Feliz, chegando a arrendar propriedades rurais e comprar um haras. Segundo as vítimas, o casal desfrutava de uma vida luxuosa às custas da herança delas, de direito após a morte do patriarca da família. O casal ostentava seu alto padrão de vida nas redes sociais.
As vítimas são mãe e filha, de 87 e 67 anos respectivamente, no entanto, a senhora mais idosa, faleceu recentemente devido à complicações na saúde. Segundo a titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DEFA), Rhaiana Bremenkamp, as vítimas informaram a denúncia crime há pelo menos três semanas, porém, o crime vem ocorrendo desde agosto do ano passado.
“Elas conheceram a Jéssica em uma festa da família, ela foi apresentada como advogada, e ela é realmente advogada, mas recém formada. Ela foi indicada porque as vítimas tinham acabado de ficar viúvas e precisavam de apoio legal para o inventário de ambos os maridos. Foi quando a Jéssica viu que uma das contas tinha muito dinheiro, foi aí que ela começou ganhar a confiança da família e se tornar amiga”, contou Bremenkamp.
Ao descobrir a alta quantia em conta, a advogada elaborou uma procuração para ter acesso ao dinheiro. Saques, transferências e utilização de cheques, somam uma retirada de cerca de R$ 1 milhão. Contudo, o casal descobriu mais seis contas das família e também com outras procurações, conseguiram acessar os valores. Porém, a polícia ainda não sabe estimar o prejuízo total provocado pela advogada.
Com o dinheiro, a polícia acredita que o casal tenha adquirido carros de luxo, um haras em Espera Feliz, cavalos, gados, quadrículos, restaurantes e até voos de monomotor. A delegada revelou ainda que o noivo de Jéssica – o Sandro – foi apresentado às vítimas como médico, sendo que ele na verdade não possui essa instrução.
“As vítimas só começaram a suspeitar quando um banco entrou em contato com elas perguntando sobre um empréstimo, que elas negaram ter feito. Logo depois começaram a cobrar da advogada, os documentos que elas haviam entregado. Chegaram acionar um advogado cível, mas não adiantou, porque eles diziam que estavam viajando. Então, entrou um criminal, que conseguiu colher informações para entrar com a denúncia”, explicou a delegada.
A prisão do casal foi realizada em Vila Velha, quando eles tentavam entrar num cartório. Com a presença de integrantes da Ordem dos Advogados do Brasil do Espírito Santo, a polícia fez a busca e apreensão na residência do casal, em Itaparica. No local, foram encontrados todos os documentos das vítimas, cartões de bancos, cheques e as procurações, que foram identificadas como ilegais.
“Para fazer as procurações, a advogada – Jéssica – falsificou o documento de identificação de uma das vítimas. Ela pegou a foto da filha e colocou no documento da mãe e por ser uma senhora mais velha e com problemas grave de saúde, não podia sair da cama. Por isso, convenceu a filha de assinar a procuração como se fosse a mãe, dizendo que isso era permitido, já que ela também é herdeira, e como advogada, ela sabia que o estava fazendo. Com as procurações ela conseguiu acesso às contas, mas ainda não sabemos quanto foi o prejuízo total”, destacou Bremenkamp.
Uma ordem judicial foi expedida para que a polícia tivesse acesso às movimentações bancárias feitas pelo casal. Durante as oitivas, o casal preferiu se manter em silêncio.
Eles estão com a prisão preventiva decretada e foram encaminhados para o Centro de Triagem de Viana (CTV). Por ser advogada, Jéssica tem direito a permanecer em uma cela especial. Os dois serão indiciados por estelionato contra idoso – a pena é dobrada –, furto mediante a fraude, supressão de documentos, falsificação de documentos públicos, falsidade ideológica, entre outros crimes que ainda serão apurados.
Com informações do ES Hoje e do Gazeta Online do ES.