Este é um artigo ou crônica pessoal de Pricila Magro.
Não se trata de uma reportagem ou opinião do Portal Espera Feliz.
Se observarmos o percurso natural de uma flor e olharmos a simplicidade como as fases do tempo se desdobram nela, saberíamos lidar melhor com o fim. Esse bombardeio de histórias que pregam o para sempre nos incute a ideia de que as coisas que amamos e que são importantes jamais podem acabar.
Observe a vida da semente de uma rosa: lançada ao solo, ali permanece escondida, esperando a hora de vir à luz, quebrar a casca e desabrochar. Ela cresce no tempo que lhe é necessário, sem pressa, sem sofrimento, esperando a hora de florescer. Perfuma o ar durante os dias que forem possíveis emanar perfume. Perde as pétalas no momento em que elas devem cair. Se perguntássemos à rosa se ela é flor ou semente, provavelmente nos responderia: fui semente enquanto foi necessário, serei rosa enquanto o curso natural da vida permitir.
Não vemos rosas criando galhos para segurar a flor que cai; não vemos sementes tentando selar a abertura do broto. Ela não sofre pelo que foi nem pelo que será. Não gasta energia desnecessária (e assim morre mais cedo), contendo o que não está ao seu alcance. Não é ser fatalista, é ser realista e simplificar a vida.
Ao contrário dela, criamos remendos para nossas relações, negamos a mudança que flui da própria vida, inventamos curativos para segurar aquilo que não cabe mais. Não é porque as coisas mudam de forma que elas perdem o valor daquele tempo em que existiram. O fim também é parte do recomeço; o encerramento é um adubo natural na vida. Ele prepara a terra para as próximas experiências.
Você pode, neste momento, estar negando à semente o direito de brotar, quando permanece em um emprego que já não te satisfaz, mas que não será abandonado pelo medo do por vir. Você pode ter criado remendos nas suas relações (de amor ou amizade) por não conseguir entender que a ideia do eterno é não natural. Tudo bem quando acaba, tudo bem quando muda. Não deixou de ser bom ou significante, só deixou de ser aquilo que você conhecia. É preciso aprender a apreciar cada fase da vida e aceitar de coração aberto quando ela também tem o seu final. Seja enquanto rosa ou semente – SEJA FELIZ!
Por Pricila Magro.
Pricila Magro é bacharela em Direito por escolha; professora por vocação. Desde os 15, não sabe gostar de outra banda senão Coldplay. Escreve por prazer, lê porque acredita que essa é a melhor forma de nos humanizar. A filha mais nova que não é nem meiga nem fofa. Sincera demais para os padrões "mimimi".