Este é um artigo ou crônica pessoal de Paulo Faria.
Não se trata de uma reportagem ou opinião do Portal Espera Feliz.
*Música, política e jornalismo são os três pontos mais frequentes nas minhas conversas com meu amigo Júnior Santos. Desde a mudança dos apresentadores do Roda Viva, em abril deste ano, temos discutido frequentemente a qualidade do programa e da própria profissão de jornalista. Em um desses diálogos, Júnior me enviou esse texto, que resolvi publicar em minha coluna; primeiro pela relevância sobre o tema; segundo por também refletir minha opinião sobre o assunto.
A roda trouxe consideráveis contribuições para o progresso humano. Por possuir em seu título o nome desta importante invenção, o Roda Viva, da TV Cultura, deveria prezar pela mesma tônica. Mas a verdade é que com a saída de Augusto Nunes o programa perdeu seu viés dialético e nada lembra “um espaço plural para a apresentação de ideias, conceitos e análises sobre temas de interesse da população”, conforme consta na página oficial do semanário jornalístico.
Os entrevistadores têm se preocupado mais em impor seus conceitos e opiniões do que em ouvir o que os entrevistados têm a dizer. Foi assim com Manuela d’Ávila (PCdoB), alvo de incessantes interrupções no dia 26 de junho. A produção cometeu, inclusive, o disparate de colocar um assessor de Jair Bolsonaro, Frederico D’Ávila, na bancada. O mesmo se deu com Bolsonaro (PSL) na última segunda, 30, que assim como a candidata do PCdoB foi “metralhado” por perguntas, ou melhor, pontos de vistas e opiniões que nada acrescentaram ao debate político.
Nos dois exemplos o jornalismo do programa prestou um desserviço à sociedade. Perdeu-se uma excelente oportunidade de discutir agendas de interesse do país e de fornecer aos eleitores elementos que subsidiem suas decisões nas urnas.
O Roda Viva é mais um paciente que agoniza nas precárias instalações da UTI do jornalismo brasileiro. E o apresentador Ricardo Lessa e os vários entrevistadores que transitaram pela bancada nos últimos meses desligam, pouco a pouco, os equipamentos que ainda mantém vivo um dos mais longevos e importantes programas da TV nacional, que em seus 30 anos no ar já entrevistou personalidades como Fidel Castro e Ayrton Senna.
Por Júnior Santos.
Paulo Faria é um amante do cinema de horror e rock ‘n’ roll. É professor por formação, humorista por conveniência e escritor por aspiração.