Este é um artigo ou crônica pessoal de Paulo Faria.
Não se trata de uma reportagem ou opinião do Portal Espera Feliz.
Há mais de 40 anos um garoto invadia a casa das pessoas. Não. Não só invadia a casa. Invadia a mente e os corações: Roberto Gomez Bolanõs: Falar sobre ele, aqui no Brasil, é tão clichê quanto sambar em Fevereiro. Roberto Gomez Bolaños, o Chavo del Ocho – que aqui no Brasil por uma questão de conveniência adaptativa se transformou em “Chaves” – nosso único e universal Chaves, foi a síntese, o suprassumo da arte mais simples. Do México para o mundo, seu personagem personificava o que havia de mais real nas pessoas comuns que habitam esse mundo. Ele era o típico latinoamericano sem dinheiro no Banco e sem amigos importantes. Ele foi a representação mais fiel da eterna criança que tem fome e sonhos, e fome de sonhos. De quebra, ele também foi um herói, ou, um anti-herói atrapalhado que no final nos salvava a todos: do nosso tédio à nossa tristeza.
Quem cresceu durante os anos 80 e 90 não só pôde contemplar a beleza de como é se entusiasmar com uma forma de arte ingênua, mas como também preencher o espírito de lições simples do cotidiano como respeito, solidariedade e outros valores.
Roberto Gomez Bolaños, o nosso pequeno Shakespeare; foi escritor, publicitário, desenhista, roteirista, compositor, ator, diretor e produtor de cinema e televisão. Foi doador de sonhos, esperança e risos. Talvez o único dia que ele tenha feito alguém derramar alguma lágrima tenha sido no dia 28 de novembro de 2014.
Chespirito, como era chamado, é uma forma “castelhanizada” do vocábulo inglês Shakespeare. Tal apelido foi ganho por um diretor de cinema mexicano que o considerava um gênio completo. Um pequeno gênio que sem recursos ou efeitos especiais conseguiu cativar milhões de pessoas no mundo inteiro apenas com seu talento ao retratar a vida simples de pessoas comuns, como eu ou você. Ele foi uma daquelas pessoas que você acredita que nunca, mas nunca morrerão… Mas aí vem a vida e te prova o contrário.
Foi um dos raros iluminados que detinha o dom de encantar gerações sempre com as mesmas piadas e o mesmo espirito juvenil. A eterna criança oculta que habita em corações mais sensíveis e o eterno herói que sem querer querendo nos salvava o dia. Ninguém contava com sua astúcia!
Obrigado Roberto, pelo deleite de ter me feito feliz por quase 30 anos e por ter me feito um ser humano melhor. Obrigado Roberto, por ter me ensinado a concepção mais simples e valiosa do significado da arte, e por tantas vezes ter me feito emocionar em frente a TV. Minha vida teria sido muito mais sem graça e chata se você nunca tivesse vindo ao mundo. Uma parte do que sou eu devo a você. A mais eterna gratidão de um brasileiro do interior e também sem amigos importantes.
Isso, isso, isso…
Paulo Faria é um amante do cinema de horror e rock ‘n’ roll. É professor por formação, humorista por conveniência e escritor por aspiração.