Este é um artigo ou crônica pessoal de Paulo Faria.
Não se trata de uma reportagem ou opinião do Portal Espera Feliz.
Findadas as eleições deste ano no Brasil, possivelmente uma coisa deverá ser objeto de estudo no futuro: a canastrice vergonhosa dos principais atores contra a “opressão” ao povo brasileiro. A lista destes bravos mártires é enorme: vai de Sasha Meneghel a Anitta; de Pabllo Vittar a Fernanda Lima. Há ainda, nesse meio, gente gringa muito importante que jura de pé junto entender tudo, tudinho mesmo de Brasil: Dua Lipa, Lauren Jauregui, Alfoso Herrrera, Shangela, Black Eyed Peas… é tanta fera junta que fica até difícil a disputa pelo troféu “o imbecil do ano”.
Mas, embora a lista seja enorme, foi difícil alguém superar o senhor Roger Waters. O cantor é de longe o pateta do ano.
Waters, grande guerreiro do povo brasileiro, foi um dos que aproveitando sua passagem por aqui para uma série de apresentações aderiu à modinha #elenão. É que entre um show e outro, sempre dá tempo de tentar salvar o mundo. E salvar o mundo é uma especialidade do músico, afinal, o que seria dos Estados Unidos, Reino Unido, Áustria, França, Polônia e Hungria sem a intercessão quase divina de Mr. Roger? Seriam nações desgraçadas pelo neofascismo, claro.
O problema de Mr. Roger é que enquanto ele, setores da imprensa, do judiciário, das universidades diziam uma coisa, o povo “oprimido” dizia outra. Faltou combinar com o público, inclusive, com o seu próprio, que pagou até 800 pilas para vê-lo e não o poupou de vaias colossais.
Mr. Roger é uma daquelas figuras – que ao lado de Bono Vox e Tom Morello – olha para o terceiro mundo como grandes zoológicos de espécies exóticas. É do tipo que tem fetiche pela miséria terceiro-mundista e por engajamentos inúteis; que vê o Brasil, por exemplo, como um enorme agrupamento de idiotas incapazes de tomarem decisões autônomas. Salve salve nosso lacrador inglês!
Outro problema de Waters é que sua hipocrisia é do tamanho de sua conta bancária. Ao aderir ao movimento #elenão o cantor ignora as verdadeiras aspirações da maior parte do povo brasileiro que tem preocupações maiores do que ser um revolucionário de porta de botequim. É difícil levar a sério um sujeito que enquanto faz seu circo mambembe afaga criaturas bisonhas como José Mujica e o criminoso Lula. A verdadeira face de um farsante é revelada quando o mesmo tem ressalvas em criticar o autoritário Putin ou ignora os problemas do Congo ou do Sudão, pra ficar em dois exemplos.
Ser velho, multimilionário e talentoso não gabarita Roger Waters a opinar sobre política interna do terceiro mundo. O gabarita sim para escrever excelentes álbuns como “The Dark Side of the Moon” ou “The Wall”. De resto, Roger Waters é apenas uma fraude brincando de revolucionário de ocasião.
Por Paulo Faria.
Paulo Faria é um amante do cinema de horror e rock ‘n’ roll. É professor por formação, humorista por conveniência e escritor por aspiração.