Paulo Faria

Este é um artigo ou crônica pessoal de Paulo Faria.
Não se trata de uma reportagem ou opinião do Portal Espera Feliz.

O Brasil Pós 2018

A cada nova twittada do presidente ou declaração de algum ministro toda a internet se divide aos gritos de “eu avisei” ou “chora esquerdalha”.

Publicado em 24/04/2019 - 14:18    |    Última atualização: 25/04/2019 - 09:40
 

As últimas eleições nas terras tupiniquins deixaram um rastro gigantesco de polarização, discussões em grupos da família e amizades abaladas ou “excluídas”  das Redes Sociais. O motivo disso? A resposta não é tão simples.

Antes de tentar entender o porquê da última corrida presidencial ter deixado tantos natais com um clima estranho, precisamos dar uma olhada para o passado e ligar alguns pontos essenciais para um bom entendimento desse quadro político, ideológico e confuso, onde todos querem dar sua opinião, mas ninguém parece ter exatamente certeza sobre o que está falando.

Em primeiro lugar, é interessante notar que o grande motivo desse embate entre direita x esquerda se dá exclusivamente pelo fato de que há pelo menos 30 anos não tenha existido um confronto relevante entre candidatos com ideologias distintas e chances reais de vitória para ambos os lados.

Em 2009, nas palavras do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a “maravilhosa” próxima eleição, o pleito seria inteiramente disputado por candidatos de esquerda, e, segundo sua visão, isso seria o triunfo máximo da democracia. E quanto ao eleitor que clamava por algum representante realmente conservador/liberal? Este não parecia estar entre as preocupações do ex-presidente. De fato, com exceção de algumas figuras polêmicas que ganharam força nos anos 90 como Enéas e Olavo de Carvalho, o restante do eleitorado “conservador” do Brasil (do qual mais de 80% da população é cristã) se via sem um representante legítimo. Duvida? Basta olhar para as eleições anteriores e procurar por algum debate sobre o direito à posse/porte de armas de fogo, sendo que das poucas vezes que o assunto era abordado, os candidatos aparentavam disputar entre si quem colocaria leis ainda mais restritivas.

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Em 2018, com os dois principais candidatos (Jair Bolsonaro-PSL) e (Fernando Haddad-PT) apresentando propostas totalmente distintas sobre o tema, as pessoas logo se posicionaram favorável  ou contra a possível nova política de desarmamento. Esse, no entanto, foi apenas um dos vários temas que dividiram a população durante e após a campanha.

Outro ponto importante sobre as causas da polarização parece ser o amor que o brasileiro tem em dar opinião, mesmo possuindo pouco ou nenhum conhecimento prévio sobre os temas em questão. O resultado disso foi uma gigantesca salada de xingamentos dos mais variados possíveis como: nazista, comunista, fascista, etc. Quanto ao verdadeiro significado e origem dessas palavras? Poucos realmente sabem, e assim criam uma atmosfera onde ofender um adversário com xingamentos de nazista ou comunista se torna algo tão banal quanto chamar alguém de “bobão” ou “idiota”.

No momento em que este artigo está sendo escrito, quase seis meses após as eleições onde o candidato Jair Bolsonaro saiu vencedor, as tensões entre as pessoas continuam mais fortes do que nunca. A cada nova twittada do presidente ou declaração de algum ministro toda a internet se divide aos gritos de “eu avisei” ou “chora esquerdalha”.

Quanto ao novo presidente, este trava uma guerra declarada contra a mídia tradicional, que por sua vez noticia conclusões pessoais e não fatos. (Jornalistas sérios de grandes veículos de comunicação têm denunciado e apresentado essa nova faceta dessas mídias que muitas vezes se preocupam mais em fazer militância política do que informar).  Por isso, a internet passou a assumir o papel antes exclusivo de órgãos midiáticos gigantescos, e a diferença entre a verdade e uma ´fake news’ parece ser cada vez mais uma questão de interpretação ou conveniência.

O Brasil pós 2018 é um lugar confuso onde todos estão dispostos a brigar por aquilo que consideram certo, mas ao mesmo tempo parecem não ter a mínima ideia do que estão defendendo. Em geral, o brasileiro transformou a política em um jogo de futebol; um grande Flamengo vs Vasco onde todos querem ver o seu time vencedor, mas ainda não entenderam o que realmente está em jogo.

Por último, gostaria de dizer que não tenho a pretensão de resumir o quadro político brasileiro em um único artigo, afinal, tal complexidade exigiria um livro inteiro, mas sim, trazer uma pequena análise de alguns pilares daquele que parece ser o cenário político mais inflamado e sensível da história recente do país.

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Artigo escrito por Rodrigo Periard com exclusividade para o Portal Espera Feliz a convite do colunista Paulo Faria.

Sobre Paulo Faria

Paulo Faria é um amante do cinema de horror e rock ‘n’ roll. É professor por formação, humorista por conveniência e escritor por aspiração.


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