Este é um artigo ou crônica pessoal de Paulo Faria.
Não se trata de uma reportagem ou opinião do Portal Espera Feliz.
Duas imagens hoje me chamaram a atenção. A primeira, que ilustra este artigo, é de um posto de combustíveis situado na cidade de Caiana, MG, o qual demonstra de forma literal o retrato da grave crise institucional e econômica que atravessa o País. A melancolia dessa imagem fala por si só. A outra imagem: uma manifestação pacífica e democraticamente legítima no centro da cidade de Espera Feliz, que entre outras reivindicações, pedia a intervenção militar.
A impressão que tive hoje, na pior das hipóteses, é que os caminhoneiros desnudaram o Brasil nos apresentando um ensaio para o pós-apocalipse nos moldes do que foi retratado no filme Mad Max, com Mel Gibson. Na melhor, foi só uma amostra grátis de Venezuela.
A questão é que o Brasil chegou ao meio do poço (o fundo é um pouco mais embaixo, pode apostar), e este sentimento de desencanto do povo brasileiro que tem sido roubado sem cerimônia somado à falência econômica do Estado fez aflorar os sentimentos contidos nas duas imagens que citei.
O Brasil é uma panela de pressão e como já é sabido, as rupturas ocorrem sempre depois de um colapso social.
Ponto 1: Temos um cadáver político no governo sob a imagem do presidente Temer que só falta ser enterrado. Este governo que já nasceu podre, embora tenha legitimidade constitucional, não tem autoridade moral pra fazer qualquer pacto com a sociedade nem propor alternativas que aliviem o sofrimento do brasileiro. O sentimento geral que tenho notado é de mau humor e angustia diante da impotência de quem não pode fazer nada. Para uns, intervenção militar já!, para outros, Lula livre!
Ponto 2: Apesar de tudo, me parece que nós brasileiros não aprendemos com a História; estamos insistindo nos mesmos erros do passado no afã de tentar resolver nossos problemas que são graves, sim. Já tivemos uma ditadura militar e deu no que deu. Os nostálgicos e românticos que pedem uma intervenção militar parecem não saber que até as liberdades individuais (inclusive, a de se manifestar) são coibidas. Portanto, ditadura é ditadura e ponto; e embora o direito às manifestações pedindo que os militares assumam o poder seja resguardado, o fato é que lugar de militar é no quartel e nas ruas protegendo o cidadão.
Ponto 3: Para outros, a solução é a volta do homem providencial, do Messias, do populismo cafajeste que empurrou o Brasil para este caos que o presidente Vampiro está fazendo muita força pra piorar. Quanto a isso, dispensa comentários.
Concluindo: A radicalização de uma parte da sociedade somado às paixões ideológicas de outra não estão contribuindo em nada para livrar o Brasil à chegada do fundo do poço. O que o País precisa é de um projeto de governo onde a grande maioria seja protagonista da mudança. Ou a sociedade brasileira assume um pacto entre si, esquecendo as diferenças ideológicas, ou teremos melancolicamente um pouco mais de Mad Max nos próximos capítulos….
Por Paulo Faria.
Paulo Faria é um amante do cinema de horror e rock ‘n’ roll. É professor por formação, humorista por conveniência e escritor por aspiração.