Paulo Faria

Este é um artigo ou crônica pessoal de Paulo Faria.
Não se trata de uma reportagem ou opinião do Portal Espera Feliz.

Maio

De manhã, o brilho reluzente do sol que parece sorrir para nós mortais, no fim do dia, as tardes avermelhadas dão o tom romântico e saudosista com uma leve e apreciativa melancolia.

Publicado em 20/05/2019 - 13:21    |    Última atualização: 20/05/2019 - 13:35
 

Trago comigo recordações; nostalgia do passado e do futuro. É assim que penso a cada ano em que o mês de maio se foi ou na alegria ao saber de sua proximidade quando o verão lentamente vai se despedindo junto com a multidão de pessoas que o aproveitam em seus mínimos detalhes – o sol forte que doura a pele nas praias e cachoeiras, a tarde quente que expulsa do lar jovens para o bar e senhores e senhoras para caminhadas vespertinas.

O mês de maio é diferente. Seu sublime encanto está naquela aura que adorna o dia com seus aromas e cores. Para quem mora em regiões privilegiadas com montanhas que artisticamente desenham a geografia podem talvez não conseguir dimensionar a magia que o mês de maio carrega consigo, mas provavelmente a sente nas minúcias do dia a dia.

O mês de maio marca o meio do outono com características que só este mês pode nos oferecer: de manhã, o brilho reluzente do sol que parece sorrir para nós mortais, o vento fresco que sopra sobre o rosto tão delicadamente como a carícia de um amor não preterido, e, no fim do dia, as tardes avermelhadas dão o tom romântico e saudosista com uma leve e apreciativa melancolia.

Sob o céu azulado – que parece ter sido pintado por um artista surrealista -, é possível, ao caminhar por estradinhas de terra batida, conseguir abstrair todas as energias que o mês de maio nos proporciona através de uma simplicidade bucólica: através dos cheiros dos cafés (o coado, quentinho, pronto para ir para a xícara e o colhido, exalando sua essência à beira de um caminho qualquer), do frescor que emana da terra molhada pela leve neblina que rega o solo ao meio-dia, das folhas mortas carregadas pelo vento, da serração insistindo sobre os cumes, dos sorrisos dos campesinos que alegremente estão cantando enquanto colhem os produtos de seus trabalhos até o anoitecer, e no resplandecer da lua sobre a chaminé da casinha velha.

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As gotículas de orvalho que alentam as plantas na quase infinita madrugada são levemente carregadas pela brisa da manhã seguinte num gesto de afeição. É poesia pintada com tintas da realidade.

As percepções que transbordam da experiência de quem observa o mês de maio vão além de experiências meramente ilustrativas: está no céu, no sol, nos aromas, nas cores, nas montanhas, na noite estrelada e levemente fria, na aurora que anuncia a chegada do novo dia. E neste novo dia é só começar a vivenciar tudo novamente: absorver, sentir, aspirar, elevar os sentidos… E elevar os sentidos se transforma em emoções verdadeiramente genuínas e em inquirições romanticamente reais: do simples olhar sobre a montanha para onde a vista alcança até a volta para casa observando o último raio de sol escrever pelo céu o adeus de mais um fim de tarde depois de um dia calmo.

Por isso, a experimentação em contemplar o horizonte de outono no mês de maio transcende a veracidade e a converte em misticismo: em sensações concretas e abstratas que o corpo e a alma necessitam.

Por Paulo Faria.
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Sobre Paulo Faria

Paulo Faria é um amante do cinema de horror e rock ‘n’ roll. É professor por formação, humorista por conveniência e escritor por aspiração.


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