Paulo Faria

Este é um artigo ou crônica pessoal de Paulo Faria.
Não se trata de uma reportagem ou opinião do Portal Espera Feliz.

Maddame Rousseau: os melhores entre nós

“As flores que você queimou perfumam o meu jardim” (Maddame Rousseau)

Publicado em 16/06/2020 - 10:57    |    Última atualização: 02/07/2020 - 09:48
 

Estranhos Sinais, Sinopse Rock, Ramona, Sub Zero, Suíte Bordô… em meados dos anos 2000 estas eram alguma das bandas em evidência na região do Caparaó num tempo em que rock n’ roll ainda fazia algum sentido pra sociedade da época.

Eu fazia parte da Sinopse Rock, e nos propusemos a gravar um single em junho de 2005. Só que pouco antes, tivemos a oportunidade de tocar em Carangola, no antigo galpão do IBC ao lado de uma banda que até então eu nunca ouvira falar: Maddame Rousseau. Lembro-me bem que estive prestando a atenção o tempo todo na performance do grupo, e apesar da sonorização horrível, uma música me chamou a atenção na apresentação daqueles rapazes: “Mentiras”. Quando aqueles garotos desceram do palco, elogiei a apresentação e perguntei: “Aquela música que vocês tocaram com o refrão assim assado é de quem?”. A resposta do vocalista, Rodrigo Lauriani, que até então eu não tinha nenhuma intimidade, foi matadora: “É nossa”. Dali em diante me tornei um fã incondicional da banda – daqueles ‘tietes’ mesmo.

A Maddame sempre se posicionou à frente de todos nós. Em 2006 gravou cinco músicas para um possível CD: “América” (uma obra-prima), “Medieval”, “A cada Segundo”, ”Quando o verão Acaba” e o “Mundo de Voltas”. A partir dali eu tive a convicção que a Maddame não era uma “banda qualquer”. Eles sabiam exatamente o que faziam e do potencial de seu talento. Nenhuma banda da região na época chegou próximo às letras refinadas do vocalista Rodrigo e nem aos arranjos discretos, mas belos do guitarrista Renato.

Confesso: depois daquela primeira apresentação em que vi, e das cinco primeiras músicas gravadas em estúdio, a minha convicção era de que a Maddame Rousseau era o melhor grupo de rock do Brasil. (Não quer dizer que a banda esteja localizada nos confins do mundo que não o seja). Portanto, imagine uma banda com letras abstratas, um vocalista acima da média, arranjos que te remetem ao pós-punk (Smiths, Legião Urbana, Jesus & Mary and Chain, The Cure, Nenhum de Nós…), enfim… Ninguém na região chegou próximo, e embora durante os anos a banda tenha trocado várias vezes de formação a essência continuou a mesma.  O único, “porém”, é que o líder da banda, Rodrigo, nunca tenha dado muita bola para o produto acabado que eles produziram ao longo de 15 anos. Me incomodava o fato da banda ser relapsa em colocar suas músicas nas plataformas digitais ou até mesmo fechar um CD físico com arte, capa e tudo mais. Músicas que me emocionam até hoje e que infelizmente o grande público desconhece: “Sempre tão normal assim”, “Crianças Passam”, “As fotos que você deixou”, “Olhe o mundo pela frente” “Por que o sol insiste em nascer? ”, “Tempestade”, as já citadas “América” e “Mentiras” (minhas preferidas), e muitas outras.

Tenho uma lembrança pessoal e muito marcante quando o Rodrigo, numa ocasião, me chamou e disse: “cara, grava “Mentiras”; essa música tem tudo a ver com vocês (Sinopse Rock). Tremi na base. Não me achei capacitado para dar vida a uma música perfeita como aquela, ainda mais sendo uma das minhas preferidas. Ainda bem. A Maddame gravou a música depois da “minha recusa” e o resultado final é outra obra-prima. Eu, com toda sinceridade, não teria dado vida à música tal como ela é hoje.

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Mas enfim, como toda banda de rock a “treta” é uma constante, com a Maddame Rousseau não foi diferente: divergências fizeram com que o guitarrista Renato se ausentasse por anos. Mas eis que depois de mais de uma década e dezenas de músicas gravadas o guitarrista se afinou novamente com o vocalista, Rodrigo, e a Maddame retorna na sua melhor forma prometendo surpresas. Fui uma testemunha ocular dessa reunião, e como fã, espero aquilo que a Maddame Rousseau sempre proporcionou ao mundo: música para emocionar.

Que me perdoem todas as bandas da época e as de hoje, mas a Maddame foi e é a melhor entre nós.  O grupo me fascina há anos.

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Depois de ler este artigo, quer conhecer a Maddame Rousseau? Clique no link abaixo e ouça as músicas da banda:

https://www.youtube.com/channel/UCKsqTzlEjx23zDPHvj9UwuQ

Por Paulo Faria.

Sobre Paulo Faria

Paulo Faria é um amante do cinema de horror e rock ‘n’ roll. É professor por formação, humorista por conveniência e escritor por aspiração.


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