Este é um artigo ou crônica pessoal de Farley Rocha.
Não se trata de uma reportagem ou opinião do Portal Espera Feliz.
Imagine um salão circular com uns 20 metros de diâmetro. O teto é esférico como a cúpula de uma catedral de pedra. Não há portas ou janelas e a única luminosidade possível vem do feixe de luz branca desenhando um cone no centro do ambiente. Agora, imagine-se sentado confortavelmente sob o foco do refletor, com os olhos fechados, enquanto alguém não se sabe onde ativa o play de uma música qualquer. Ainda que abra os olhos a procura dos alto-falantes, a impressão é a de que a música estará dando voltas em torno de si como um looping sonoro ecoando por toda a extensão cilíndrica das paredes.
É mais ou menos este o estado de imersão quando se escuta músicas em 8 dimensões.
A tecnologia de “Áudio 8D” não chega a ser propriamente uma novidade. Criado pelo engenheiro argentino Hugo Zuccarelli no anos de 1980, vem sendo cada vez mais aprimorada pelas plataformas digitais (YouTube, Spotify, Deezer etc.) e conquistando a preferência de artistas e ouvintes de diversos gêneros.
Trata-se de um formato de áudio multidimensional cuja captação é feita eletronicamente a partir de vários microfones posicionados em diferentes ângulos. Depois, dispositivos computadorizados processam os dados compilando-os em um único arquivo digital.
Para o espectador, o resultado é uma experiência sensorial arrebatadora, pois é como se a música executada se projetasse de todas as direções, dentro e fora da cabeça, e circulasse o ambiente em ondas sonoras de 360º. Assim, o efeito sinestésico do formato 8D converte o som em algo quase palpável, possibilitando até imaginar as cores, a temperatura e a textura que o corpo vibratório da música sugere.
A ciência compara a percepção da mente quanto ao Áudio 8D à mesma indução de sentido alcançado pela hipnose, tamanho o jogo sensorial que é capaz de produzir na audição humana. Mas este resultado só é possível com fones de ouvido (embora os modelos headphone permitam uma melhor experiência, os fones de plug também funcionam).
Abaixo, linkei uma seleção de seis músicas que gosto, editadas nesse formato de áudio, para que o leitor experimente a mesma sensação acústica de uma catedral de pedra que descrevi no início – mas vale advertir! há risco de se viciar:
Por Farley Rocha.
Farley Rocha é professor, fã do Radiohead e do Seu Madruga. Já plantou uma árvore, escreveu um livro e edita o blog http://palavraleste.blogspot.com