Agora fiquei a pensar que, daqui a pouco, vão perguntar: “como anda sua coluna?” E em Qual resposta posso dar. Dizem que são as perguntas que movem o mundo. Mas a resposta depende de onde este movimento vem. Se esta indagação vier de um pedreiro, um engenheiro, sei que estará perguntando sobre as colunas de minha casa. Então a resposta vai ser meio que óbvia. “Caramba! Na época da construção, nem sei quem fez – ou não fez – os pilares. Por este motivo está cheia de trincas, para não dizer rachaduras!” E tão logo o mestre de obras, pedreiro ou engenheiro vão me indicar o caminho para tantas vigas e amarias. Mas, como poeta que sou, vou ama…rios, tão logo pensar que aquelas frestas, por onde a parede cedeu, concedeu ali um espaço para respirar, quando alguém insiste em fechar todas as janelas. Posso, em meus devaneios, até acreditar que é exatamente por ali que a inspiração penetra, pelas trincas, por isso vez ou outra a casa cai. Só pensei! Se eu disser isto ao cara das construções, será bem capaz de me encaminhar para um analista amigo meu – como diria Belchior.
Se meu papo for com um médico, e ele perguntar “como vai a sua coluna?” Já imaginei a minha cara. “Caramba, doutor! Ando sentindo enormes dores.” E ele “pode ser dores lombares, acho que a cervical…” O que é isso lom…bares? Que servi…cal? Talvez até possa ser a frequência nos bares, que gerou um ácido úrico. Meus textos nem sei se são ácidos, mas sonho que sejam únicos, espero que ninguém tenha coragem de escrever estas coisas.
Nesta louca caminhada pela resposta, para saber de onde vem a pergunta, passei por uma benzedeira, que logo taxou “meu filho, você está com a espinhela virada. Fique aqui em baixo do portal que vou benzer e, acredite ou não, de repente você estará andando esguio, tomando por três dias, um chá de alevante, com três pitadinhas de sal grosso”.
Até então eu tinha estas variantes para a dita cuja resposta sobre minha coluna, mas agora sei que Variante ficou fora de moda, quase ninguém anda por aí com sua Variante, menos ainda as pessoas admitem estar dentro da tal Brasília (talvez conceba as ideias dos Mamonas), mas a Brasília amarela não é assassina, a outra decreta essa…sina, perdas de nossos direitos, também um carro que anda sem motoristas habilitados, já que a maioria comprou suas carteiras na autoescola, onde – pasmem! – nós demos o alvará de funcionamento.
A partir de agora, quando eu andar por aí, alguém vai me dizer: “e aí, Amauri, ontem vi sua coluna!” Confesso que de cara vou pensar: “qual coluna? Será que publicaram um nudes sem eu saber?” Coisas de poeta, para que irão ver estas coisas, se toda semana vou me desnudar aqui neste espaço.
Agradeço aos pedreiros, mestres de obra, engenheiros, médicos, terapeutas holísticos, benzedeiras, a todos os profissionais, àqueles que se dedicam ao ócio criativo, toda gama desta população de Espera Feliz e região, que acompanharem minha coluna. Para verem minha coluna física, terão que dar em mim uma olhada de perfil, mas aqui no espaço do Portal Espera Feliz quero ter você ao meu lado, dialogando com intimidade.
Faz parte de minha essência me jogar por inteiro, acreditar que posso saltar da janela, onde oi…tava andar, andar nas oitavas pode ser um risco. Mas bem sei que lá em algum lugar, existe uma rede invisível que sustenta nosso peso, nossa leveza. A partir de agora vamos nos encontrar toda semana nesta coluna. Espero que fique firme, para nela podermos recostar para a leitura de um texto, quem saber adaptar algum trinco onde possamos espichar nossa rede, de posse das possibilidades que as redes do Portal Espera Feliz oferece, estabelecer amizades mais que virtuais.