Cemitério dos Corações Partidos

Dizem que quem colhe uma dessas flores e a mantém junto ao coração pode experimentar uma paz efêmera, uma aceitação suave do que não pode ser alterado.

Publicado em 06/08/2024 - 17:14    |    Última atualização: 06/08/2024 - 17:14
 

Em um canto esquecido do mundo, onde os raios de sol acariciam suavemente e as sombras murmuram segredos, existe um espaço peculiar: o Cemitério dos Corações Partidos. Não é um cemitério comum, pois aqui não há corpos, apenas memórias e sentimentos que, por algum motivo, não conseguiram encontrar o caminho de volta ao coração.

Ao atravessar o portão de ferro ornamentado que exibe algumas partes enferrujadas e que range com o peso das histórias não contadas, somos recebidos por uma brisa suave que parece carregar os sussurros de amores perdidos. As árvores centenárias, com seus galhos retorcidos e folhas que caem como lágrimas, emoldurando o caminho de pedra que serpenteia pelo cemitério. Cada curva revela um novo monumento, uma nova dedicatória.

No centro, uma estátua de mármore de um anjo de asas abertas guarda o espaço dos amores não correspondidos. Aos pés do anjo, cartas amareladas pelo tempo, cheias de promessas e esperanças desfeitas, repousam como pétalas caídas. Algumas ainda têm o perfume suave da paixão de outrora, enquanto outras estão manchadas com lágrimas silenciosas.

Mais adiante, há um canto dedicado às dedicatórias e pedidos que nunca foram atendidos. Pequenas plaquinhas de madeira, gravadas à mão, contam histórias de desejos segredados ao vento e de promessas feitas sob a lua cheia. Um banco de pedra, desgastado pelo tempo, convida os visitantes a sentarem e refletirem sobre os “e se” que marcaram suas vidas. Ali, o som do vento entre as folhas parece formar uma melodia triste, uma canção de ninar para os sonhos que nunca se realizaram.

Continua após a publicidade...

Entre os túmulos, podemos encontrar as flores do arrependimento, flores que nascem apenas ali, com suas pétalas de um azul profundo, quase hipnótico. “Azul profundo – refere-se a tom muito intenso e rico, frequentemente associado a uma sensação de profundidade e mistério. Essa tonalidade é mais escura e saturada, evocando imagens de oceanos profundos ou céus noturnos”. Dizem que quem colhe uma dessas flores e a mantém junto ao coração pode experimentar uma paz efêmera, uma aceitação suave do que não pode ser alterado.

Ao caminhar por esse cemitério singular, percebemos que ele não é um lugar de tristeza eterna, mas sim de lembrança e cura. Cada coração partido, cada amor não correspondido, cada pedido não atendido encontra aqui um espaço para descansar, para ser honrado. E aqueles que visitam este lugar saem um pouco mais leves, com a certeza de que, embora o amor possa não ter sido correspondido, ele sempre terá um lugar especial, um memorial sagrado, onde pode ser lembrado com ternura e respeito.

No fim da tarde, quando o sol se põe e o céu se colore com um laranja intenso, o Cemitério dos Corações Partidos resplandece como uma luz suave e quase mágica. É um lembrete silencioso de que o amor, em todas as suas formas, é eterno, e que cada coração, mesmo quebrado, possui seu valor e sua beleza.

Por Valéria Debosan

***

SOBRE A AUTORA:

Valéria Debosan, graduada em História, pós graduada em História do Brasil, Gestão Pública Aplicada à Educação e Administração Escolar, é servidora pública e uma grande fã de Whitney Houston. Ama café, chocolate e margaridas brancas. Também gosta de partilhar seus “rabiscos”. Ela é uma dedicada tutora de sua gatinha, chamada Antônia..


  • Plano Assistencial Familiar Vida

    Rua João Alves de Barros, 277
    Centro - Espera Feliz - MG

    (32)3746-1431

    Plantões
    (32) 98414-4438 / (32) 98414-4440

Clique aqui e veja mais