*** Texto escrito pela sobrinha Vitória Franklin. ***
Ele chegou aos 101 anos
101 de dor
101 de sofrimento
101 de cansaço emocional, físico, mental
Ele chegou aos 101 anos
Durante essa trajetória ele viveu, ele fez o que queria fazer. Em meio ao caos, ele dava um jeito e seguia com a vida.
101 de coração partido
101 partindo coração
101 correndo risco
101 sendo risco
Ele contava sobre a chuva que aconteceu em 1930 como se fosse ontem, ele falava da morena que conheceu no baile e até hoje lembra do perfume dela. Ele falava do primeiro emprego, do forró nas tardes de domingo, de quando viu o Corinthians jogar pela primeira vez e aquele gole de pinga que te levou ao esquecimento.
Dizem que a idade é só um número e talvez seja.
Aos 90 ele ainda fazia tudo que fez aos 50, de forma diferente devido às limitações que o tempo trás.
Aos 90 ele ainda frequentava o forro
Aos 90 ele ainda acordava cedo e ia caminhando até a igreja para assistir a missa
Aos 90 ele andava a cavalo e roçava o pasto
Aos 90 ele sorria como se tivesse 30
Ele foi filho,
marido,
pai,
irmão,
avô,
tio…
Ele foi o Marinho, aquele sorridente que passava na calçada falando com todo mundo, que levava a brevidade pro café da tarde, que na hora da oração não deixava ninguém de fora, que fazia a gente rir até a barriga doer, um ser que nos ensinava princípios de amor e sabedoria.
Ele viveu 101 anos
101 de amor
101 de fé
101 de harmonia
101 de compaixão
101 de família
101 de simplicidade
Ele viveu 101 anos com propósito de ser feliz na simplicidade, fazendo o que gosta e com as pessoas que ele ama.
Estamos de passagem nesse plano e daqui nada se leva, mas a memória de quem você foi um dia fica e é assim que eu te guardo.
Sorridente, trabalhador, amoroso, brincalhão, espalhando o melhor de Deus por aí através do amor.
Que sua passagem seja linda, cheia de luz e paz.
Por Vitória Franklin.
