Para o bem ou para o mal, a internet pode fazer com que um pequeno fato se transforme em algo gigante. Com a onda de protestos realizada em várias cidades no Brasil, a rede teve o papel de espalhar informações importantes sobre as manifestações, antes e depois de elas acontecerem. Por outro lado, a rápida disseminação de assuntos também dá força a boatos que se espalham pelas redes como sendo verdadeiros.
Esse tipo de compartilhamento impulsivo é chamado de “efeito manada”, segundo Pollyana Ferrari, professora do departamento de jornalismo da PUC-SP e pesquisadora na área de mídias sociais. Consiste, basicamente, em alguém “pegar o bonde” de um assunto e replicar o conteúdo sem nenhum senso crítico. “Isso é perigoso, pois as pessoas muitas vezes não sabem direito do que se trata aquilo que elas compartilham [ao retuitar ou curtir no Facebook]”, afirma Pollyana.
A pesquisadora ressalta ainda se trata de um comportamento comum do brasileiro.Ao analisar as redes sociais durante a ocupação do Morro do Alemão, por exemplo, ela disse ter detectado vários usuários que “entraram” na conversa, sendo que a maioria deles nunca tinha discutido o tema em seus perfis.
Em um post no último final de semana, o blogueiro Leonardo Sakamoto criticou a disseminação de histórias distorcidas ou informações descontextualizadas nas redes sociais. Ele ressalta a importância de as pessoas “controlarem as emoções” e pensarem antes de postar, além de sugerir alguns “mandamentos” para o bom uso de ferramentas sociais.
O aumento de protestos no Brasil motivou que internautas fizessem montagens utilizando fotos de celebridades. Geralmente, era escolhida a imagem de um famoso segurando algo. Em seguida, era colocado um cartaz (geralmente em inglês) de apoio às manifestações no país. Nada que uma busca na ferramenta de imagens do Google não denuncie e indique o verdadeiro contexto da foto original.
Na imagem da esquerda, Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, agradece os usuários da rede social por ter atingido a marca de 500 milhões de contas em 2010 (hoje já tem mais de 1 bilhão). À direita, a montagem feita por ocasião dos protestos no Brasil
Quando as redes sociais não eram tão difundidas, a onda na internet eram os textos falsos do cineasta Arnaldo Jabor espalhados por meio de correntes de e-mail. Passados alguns anos, a situação continua agora em outro ambiente. Uma das vítimas mais recentes de textos apócrifos foi o apresentador Jô Soares. Durante a onda de protestos no Brasil, diversos textos atribuídos a ele sobre as manifestações circularam pelo Facebook. O apresentador afirma, no entanto, que não tem conta em nenhuma rede social.
Não existe um “selo” de veracidade para conteúdos postados em redes sociais – e é até bom que não seja assim, pois estragaria muitas brincadeiras. Porém, vários usuários compartilham informações (muitas vezes inventadas apenas para enganar) sem a confirmação de que são verdadeiras. Em novembro de 2012, por exemplo, uma paródia de um perfil do jornal “O Estado de S. Paulo” informou no Twitter que o arquiteto Oscar Niemeyer tinha morrido. A mensagem foi replicada centenas de vezes. No fim das contas, o arquiteto brasileiro morreu no dia 5 de dezembro de 2012.
Outra modalidade comum de postagens que viralizam nas redes sociais são as promoções. Já houve, por exemplo, uma série de sorteios falsos de smartphones. Em março, por exemplo, havia um sorteio que prometia dar um iPhone 5 a quem curtisse uma falsa página da Apple no Facebook. Resultado: após 200 mil curtidas, não houve ganhadores.
Há ainda o caso de boatos de censura no Facebook. No último final de semana, uma mensagem em português acusava a rede de bloquear menções ligadas às manifestações realizadas no Brasil. Contatado pela reportagem, o Facebook disse que não comenta casos isolados. No entanto, a empresa sugeriu que quando alguns termos são citados com muita frequência, uma ferramenta antispam bloqueia postagens e leva o usuário para uma página com informações sobre spam. Em alguns casos, os usuários chegaram a ser deslogados da rede após tentarem publicar esse conteúdo.
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Fonte: Tecnologia Uol