Foram selecionados 235 projetos pela Magistra, dos mais de 500 inscritos, e o clima do Congresso foi de troca de experiências e aprendizado conjunto
Na manhã dessa sexta-feira (19-10), os educadores que participaram do ‘I Congresso de Práticas Educacionais da Rede Pública do Estado de Minas Gerais’ voltavam para as suas escolas com a bagagem repleta de conhecimento. Encerrado na noite de quinta (18-10), o evento organizado pela Magistra obteve saldo positivo com a oferta de oficinas, palestras, e a apresentação das práticas exitosas de escolas de todo o Estado. O Congresso teve a participação de cerca de 600 educadores mineiros.
Um dos principais objetivos do Congresso, organizado pela Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores, foi proporcionar a construção de um espaço de compartilhamento de boas iniciativas. Foram selecionados pela equipe da Magistra, com o apoio das 47 Superintendências Regionais de Ensino, 235 projetos que foram apresentados por representantes das escolas que os desenvolveram. O tema do Congresso foi “Gestão Escolar e Projetos Especiais”, foram selecionados trabalhos de temas diversos, como por exemplo, os com foco no meio ambiente, na leitura e na prevenção às drogas.
Eduardo Araújo, diretor da Escola Estadual dos Palmares, de Ibirité, afirmou ter aprendido com os colegas e que já pensa em novos projetos para desenvolver com seus alunos a partir de ideia que já surgiram durante a troca de experiências promovida durante o Congresso. “Quando nos inscrevemos, não imaginamos como poderia ser a impressão dos colegas do congresso com a nossa iniciativa. Ficamos felizes em ser parte desse grupo que foi selecionado pela Magistra para participar e apresentar o projeto. E, por ser uma iniciativa de fácil execução, muitos colegas já nos pediram conselhos pois querem implementar nossa ideia em suas escolas”, ressaltou o diretor.
O projeto da Escola Estadual dos Palmares tem como foco o discussão de temas como a afetividade e a sexualidade. O trabalho, realizado com alunos do Ensino Médio, teve como base as discussões propostas pelo diretor e sua equipe a partir do filme “Preciosa”. De acordo com o educador, a iniciativa trouxe aos alunos um espaço de diálogo que permitiu que eles se envolvessem com segurança para a discussão de temas que antes, não eram tratados em sala de aula. Temas importantes como exploração sexual e as dificuldades na relação dos jovens com os pais foram postos em debate.
“Assistindo aos trabalhos, de outras escolas, apresentados no Congresso tive ideia para adaptar o projeto que apresentamos aqui. A ideia é que agora ele se transforme em um projeto maior e interdisciplinar recorrente na escola. Podemos trazer filmes para a discussão de vários temas, como na aula de história, por exemplo”, reforçou o diretor.
Flávia Boechat, diretora da Escola Estadual Sebastião Medeiros de Ribeiro Junqueira, distrito de Leopoldina levou para o Congresso de Práticas Educacionais um projeto com foco na preservação do meio ambiente. O projeto “Semeando com amor” foi realizado na escola em 2011, com envolvimento de toda a comunidade do município, e a diretora e seus alunos já organizam uma nova iniciativa que terá seu ponto alto na primeira semana de novembro.
“O nosso projeto surgiu de uma maneira bem espontânea, a partir de uma visita da Polícia Florestal na escola. Numa conversa informal, tivemos a ideia de plantar mudas de plantas no município, com a ajuda da população do entorno da escola. Escolhemos uma rua da cidade para fazer o plantio de cerca de 50 mudas com a ajuda da comunidade. Os moradores do bairro continuam a preservação, pois adotaram as árvores. Não basta plantar, é importante também cuidar e os moradores do bairro nos ajudam nisso diariamente”, contou a diretora.
O plantio foi realizado em outubro de 2011. Participaram do projeto os cerca de 300 alunos da escola, do ensino fundamental e médio. “No dia que escolhemos pra o plantio houve uma grande caminhada com alunos, pais e comunidade, além da participação da fanfarra, o que é uma motivação e tanto para os meninos. A cidade inteira parou para assistir e participar da nossa ação”, declarou. Esse ano, a escola conta com a parceria da Copasa, do Instituto Estadual das Florestas (IEF) e da Prefeitura. Dessa vez, além das mudas de várias espécies de árvores, os alunos e equipe da escola entregarão à comunidade sementes embaladas com um rótulo criado pela escola, que traz o nome do projeto.
Além de Flávia Boechat, a professora de história Rosaide Maria Lacerda Lima também veio ao congresso para apresentar esse projeto. As coordenadoras afirmam que os alunos ganharam confiança ao perceber que a população do município estava atenta aos ensinamentos de preservação que passavam. “Essa será a segunda edição e a ideia é de revitalizar o projeto e manter ele vivo, engajado no mote da preservação. O envolvimento dos meninos é muito bom, devido às metodologias variadas que trabalhamos. O que é mais bonito no projeto é o trabalho de parcerias que nos temos, principalmente com a comunidade, a superintendência, os alunos, e o desafio maior que é a participação dos pais”, afirmou.
Outra escola que ganhou elogios dos presentes na apresentação de seu projeto foi a Escola Estadual Professor Acádio do Nascimento Moura de Pedralva Minas Gerais. A escola também carrega o lema da preservação do Meio Ambiente e apresentou no Congresso o projeto realizado na escola com o tema da preservação da mata ciliar. De acordo com a diretora da escola, Elenilza Siqueira, “o objetivo é construção de um trabalho contínuo, principalmente com a comunidade local, pela preservação”.
E esse não é o único projeto com foco no meio ambiente realizado pela escola. O Projeto “Agua, bem precioso” foi selecionado, entre outros 466 projetos inscritos de todas as regiões do Brasil, pela Fiocruz para premiação na Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente. A olimpíada acontece nos dias 29, 30 e 31 de novembro no Rio de Janeiro. “Estaremos, junto com outras escolas, representando o estado de Minas Gerais e esperamos voltar com o primeiro lugar”, declarou a diretora.
A Olimpíada acontece desde 2001, promovida pela Fiocruz em parceria com a Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco) e tem abrangência nacional. A sexta edição da olimpíada, realizada nesse anos, escolheu 32 trabalhos de todo Brasil que serão premiados como destaque regional.
Outro projeto que chamou atenção dos educadores foi o da Escola Estadual São Sebastião de Espera Feliz. As coordenadoras do projeto “Maria Letrada e Companhia”, Cristiane Lopes Carlos Vertelli e Denise Aparecida Pereira caminharam pelo Hotel Fazenda Canto da Siriema, onde foi realizado o Congresso vestidas como os personagens que dão vida ao projeto. Maria Letrada e Sebastião Sabidão são bonecos de pano que levam para os alunos da escola um mundo de descobertas a cada visita à sua casa.
“Partimos daquilo que os alunos sabem, do que eles gostam para algo novo. Os alunos do primeiro ao quinto ano levam o embornal literário para casa e passam o fim-de-semana com os livrinhos e os bonecos, contam histórias para os bonecos, dividem esse tempo com a família, os amiguinhos e voltam para a escola cheios de novas descobertas para compartilhar”, declarou Cristiane Lopes.
A ideia do projeto é transformar a leitura em algo mais interessante e atrativo para os alunos. Com as brincadeiras propostas, as educadoras tratam da importancia da leitura para o aprendizado e o desenvolvimento dos alunos. Uma das brincadeiras é a lei de que os personagens só conseguem dormir depois de ouvir a história na voz dos alunos. “Trabalhamos com a imaginação, propomos que os alunos dramatizem as histórias, leiam para os pais e os bonecos e temos conseguido chamar a atenção deles para a leitura”.
Fonte: Portal da Educação – Colaboração – Carlos Henrique Cruz