Quem é corintiano não deve ter estranhado quando uma tatuagem com os dizeres “Haja o que hajar” começou a “bombar” no Facebook e Twitter há algumas semanas. A frase, atribuída a um ex presidente de clube, aparecia tatuada nas costas de Lidiane de Sousa, 30, e virou motivo de piada pelo erro de português. Mesmo chateada com os comentários maldosos sobre a tattoo, feita em homenagem ao marido, Lidiane está aproveitando o sucesso na internet para vender camisetas com a expressão que marcou “para sempre” no próprio corpo.
A moradora de Goiânia (GO) conta que ela fez a tatuagem, ciente do erro de português, em setembro de 2012. A foto foi tirada assim que o tatuador terminou de registrar a frase. Naquela época, a imagem foi colocada por Lidiane como imagem de capa no Facebook, mas só no final de março ela começou a repercutir na internet. A hipótese mais provável, segundo ela, é alguém ter visto a capa do perfil, achado a foto original nos álbuns e compartilhado na rede social.
“Comecei a ver vários comentários me criticando no meu perfil. Fiquei muito chateada, me senti muito mal mesmo, porque as pessoas não sabiam o significado da tatuagem para mim. Toda tatuagem tem um motivo, as pessoas deveriam antes saber o porquê da minha”, lamenta. Além das críticas, várias piadas circularam no Facebook e Twitter, com frase irônicas como “Haja o que hajar. Parabéns, tá serto [sic]” e “Haja o que hajar, antes de virar um tatuador, vou estudar”.
A expressão ”Haja o que hajar”, popularizada na internet, não está correta. O certo é dizer ”Haja o que houver”.
Segundo Lidiane, trata-se de uma homenagem ao marido, José Reinaldo Machado, que conhece há três anos e com quem se casou em julho do ano passado. “Ele me disse uma vez ‘Haja o que hajar, nunca vou te abandonar’ e isso virou uma frase nossa. Eu sabia que a expressão estava errada, mas sempre teve um significado especial para nós”, conta.
Até mesmo o tatuador estranhou o pedido de Lidiane. “Mas depois da explicação sobre o motivo para registrar a frase, ele concordou em tatuá-la, mesmo estando errada.”
Repercussão negativa. E positiva
Depois de a foto ser compartilhada por milhares de usuários no Facebook e no Twitter, Lidiane diz que a fama da tatuagem acabou atrapalhando sua vida pessoal. Formada em Gestão Empresarial, ela atualmente está desempregada e diz que, durante uma entrevista para uma vaga, percebeu que foi reconhecida e que a entrevistadora não demonstrou interesse durante a conversa. “As pessoas me olham diferente. Não me falam nada, mas escuto os cochichos na rua. Até evito sair com roupas que mostrem a tatuagem”, diz.
Logo após o surgimento das piadas nas redes sociais sobre o erro de português tatuado, o casal cogitou processar os autores dos posts. “Mas é muito difícil saber quem começou tudo isso”, explica.
Foi então que ela e Machado decidiram seguir o conselho de amigos e usar a fama na internet a seu favor. Eles vendem camisetas personalizadas com “Haja o que hajar“, marca que eles já registraram, e têm uma fanpage no Facebook. “Agora as pessoas já entraram na brincadeira. Várias das camisetas têm mensagens para levantar a autoestima, como ‘Haja o que hajar, academia não vai me estressar‘.” A frase, inclusive, já caminha para virar moda na internet, como já ocorreu com outras expressões.
Os preços das camisetas vão de R$ 25 a R$ 33. “Ainda não deu lucro, mas já temos várias encomendas, aqui de Goiânia e até de outros Estados”, diz Lidiane.
O casal prepara a venda de outros itens com a frase “polêmica”, como canecas e pelúcias. Por enquanto, as encomendas são feitas pelo próprio Facebook, mas um site deve ser lançado ainda nesta semana – “haja o que hajar” – para vender os itens da nova marca.
“Muitas pessoas vão criticar e continuar comentando. Não vou deixar de viver por isso”, conclui ela.