Tallis Gomes, 25, nasceu e cresceu em Carangola (MG), cidade com cerca de 35 mil habitantes. E lá estava a primeira ideia para um negócio.
Aos 14 anos, passou a usar o site Mercado Livre para comerciar. Suas estratégias eram comprar celulares vendidos a um preço baixo no site, pagar uma pequena quantidade para divulgar os produtos e revendê-los. Também comprava celulares para vender na cidade, onde poucas pessoas tinham coragem de comprar pela internet.
Dez anos depois, não vende celulares, mas usa os aparelhos para o seu negócio: criou um aplicativo que, em funcionamento desde abril, recebeu aporte de US$ 10 milhões do fundo de investimento alemão Rocket Internet.
O serviço se chama Easy Taxi e permite que o usuário veja em seu smartphone um mapa da cidade com a localização dos taxistas cadastrados. Assim, é possível verificar onde está o carro mais próximo e saber quando ele está chegando.
O serviço é cobrado do taxista, que paga uma taxa de R$ 2 por corrida. Está disponível em quatro capitais brasileiras (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília) e começou a se expandir para outros países há dois meses.
As primeiras capitais internacionais a que chegou são Cidade do México, Caracas (Venezuela), Seul (Coréia do Sul), Lima (Peru) e Bogotá (Colômbia).
Segundo Tallis, foram até agora 200 mil downloads gratuitos do aplicativo. Ele estima que metade de quem baixou tenha utilizado.
INSÔNIA
A ideia para o aplicativo surgiu durante o concurso Start-up Wekeend de 2011, realizado no Rio de Janeiro.
Na ocasião, montou uma equipe com outros participantes do evento, que deveriam apresentar uma proposta inovadora em um minuto. A ideia inicial era de um aplicativo parecido com o atual, mas que localizava ônibus.
“Logo vimos que a ideia era uma porcaria”, diz Tallis. “É difícil imaginar que alguém deixaria de pegar o carro porque consegue ver o ônibus por GPS”, explica.
Na madrugada final, os integrantes decidiram ir cada um para sua casa e pensar em um novo projeto. Tallis resolveu pegar um táxi. Esperou uma hora. “Desenvolvi o produto nessa noite. Claro que não consegui dormir.”
A partir daí, a equipe, formada por quatro pessoas na época, trabalhou para desenvolver o produto por um ano, gastando e sem receber. Para apostar na ideia, Tallis conta que teve de vender o carro.
“Você tem que comprar uma série de licenças, pegar avião, procurar investimentos, pagar hotel.” Outro gasto foi mais inusitado: celulares para taxistas.
Tallis diz que no começo era difícil convencer os motoristas a utilizar o aplicativo. Muitos tinham resistência porque não estavam acostumados aos smartphones.
Aos poucos, conta, aprendeu a conversar com os motoristas e a fazer a publicidade do produto nos lugares certos, que prefere não revelar para guardar o segredo.