Estamos bem, baby!
Por aqui também faz sol, sabia?
Temos o rio, a mata, os passarinhos…
Não se preocupe, baby!
Estamos todos muito bem.
De manhã os meninos vão pra escola
e de tarde o carro do picolé passa na rua.
À noite tem o chafariz, o baralho, o céu…
Ah, baby… esse céu!
Lembra aquela vez no Morro da Canoa?
O crepúsculo do dia e a cidade lá em baixo
com a boca da noite se abrindo e as estrelas,
a lua sorrindo…
Ah, baby… a lua!
Sabe que pouco sorriso
pra mim é lucro, né?
Não por você não estar aqui
(se é feliz, é sinal de que também estou).
Mas às vezes caminhar, olhar, assoviar…
As coisas já não são tão inéditas
sem você.
A cidade virou pequena,
as calçadas, estreitas,
os morros, estranhos…
(olha, baby, não leve a mal,
É que sentir saudade é bonito).
Outro dia mesmo enfeitaram a praça.
Colocaram luzes e árvores de natal.
Na hora lembrei do dia em que te vi.
Um beijo tímido na ponta do nariz
e seus olhos brilhando mais que as luzes.
Faz tempo, baby, mas dos meus olhos
Aquela luz não se apagou.
Não quero que pense mal, baby!
Pelo contrário, desejo sua liberdade
como a extensão do meu carinho,
e quero que dela faça bom uso.
Mas às vezes acho importante,
sei lá, deixá-la a par de como estão as coisas.
Pois é, baby,
O pessoal tá todo aqui mandando lembrança, viu?
Perguntando quando volta e como está.
Baby, você sabe que no fundo não me importo tanto, não é?
Fique o tempo que quiser,
gaste o que for necessário,
ocupe-se da melhor maneira.
Porém, baby, só um pedido:
não precisa ser na hora,
nem no mesmo dia,
nem na mesma semana.
pode ser daqui um mês, um ano…
Mas, por favor, baby,
assim que puder,
não deixa de responder mais este e-mail.
* * *
Farley Rocha, fã do Radiohead e do Seu Madruga, nasceu em 1982 e mora na cidade de Espera Feliz-MG