O estilo ácido e debochado que dá o tom dos artigos de Paulo Faria no Portal Espera Feliz virou livro. A Arte do Sarcasmo: Da Viva Alma Mais Honesta do Universo ao Capitão Cloroquina é a primeira publicação do colunista, e reúne textos que passeiam de forma crítica e ao mesmo tempo bem humorada pelos mais recentes episódios da política brasileira, além de ironizar o discurso do politicamente correto.
E nenhum personagem do cenário público atual passa incólume pelo olhar atento e escarnecedor de Faria. É assim, por exemplo, com Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Messias Bolsonaro, nomes a que faz referência o subtítulo do livro.
Em “As desventuras do Capitão Cloroquina” o atual chefe do executivo é criticado pela forma desastrada com que conduz o país em meio à pandemia, ao “queimar dia após dia seus aliados, correr do Queiroz e colar com gente do naipe de Carlos Marun”. O mesmo Bolsonaro também é tema de outro artigo, em que o autor satiriza a alcunha pelo qual o presidente é conhecido por seus seguidores mais ferrenhos: “Nosso mito se revelou uma fraude, um engodo, um charlatão, um imbecil”, afirma Faria, que ainda o descreve como um “Messias que acumula um bocado de pecado”.
Outro que também ganhou lugar de honra – ou desonra – na publicação foi o ex-presidente petista. É o caso de “Lula, o sociopata”, que demonstra insatisfação em relação à decisão do Supremo Tribunal Federal, a qual impediu de “deixar engaiolado o Pai dos pobres que conseguiu o milagre da multiplicação dos miseráveis”.
E para não dizerem que não falou do “circo” da nossa política regional, Faria também destila toda a sua ferocidade para práticas e vícios bem próximos da gente, como em A política do churrasco com gasolina, que trata da tão conhecida troca de votos por bucho e tanques cheios em época de eleições, e “Prefeito, me dá um emprego aí!”.
Nas mais de 150 páginas de A Arte do Sarcasmo ainda é possível conhecer a “múmia falastrona” Fernando Henrique Cardoso, os “pacifistas do ódio”, a “hipocrisia do ativista”, a “moralidade relativa” – desencadeada “quando a polícia resolveu meter a cara com um mineirinho safadinho e um vampirão” [uma referência ao episódio da delação do dono da JBS envolvendo Aécio Neves e Michel Temer] – além de outros temas, todos eles abordados com doses cavalares de sarcasmo e bom humor.
Enfim, como Faria deixa bem claro na nota do autor logo no início do livro, a obra “não tem qualquer pretensão de conscientização política”, mas tão apenas “desvendar falsos mitos e destronar a hipocrisia”. E é com essas advertências em mente que devemos nos enveredar pela leitura de A Arte do Sarcasmo.
Se está difícil se livrar das figuras medonhas com as quais somos obrigados a conviver atualmente nos mais diversos segmentos da sociedade, vamos pelo menos trata-las com desprezo e sarcasmo e dar tratamento semelhante ao que dispensam ao país. E o livro é ideal para esse saboroso exercício de vingança.
A Arte do Sarcasmo: Da Viva Alma Mais Honesta do Universo ao Capitão Cloroquina está disponível em e-book na Amazon, em versão física pelo Mercado Livre e na GMA Informática, em Espera Feliz.