Com a popularização da INTERNET e seu uso freqüente pelos milhões de usuários em todo mundo, o “mundo virtual” tornou-se um espaço caracterizado por relações de poder e dominação – O que compreendemos como TERRITÓRIO – a ser estudado e analisado sob a luz da geografia. O espaço, objeto de estudo da geografia, é construído por relações sociais e vai além da estrutura física da Terra. Vamos voltar um pouquinho na história para poder ver esta evolução.
Na Grécia Antiga as lutas sociais pela democracia e comércio, deram inicio a sua organização espacial em cidades-estados, as quais estavam vinculadas as idéias de pertencimento e identidade. Já os Romanos, com a expansão de seu vasto império, alteraram a identidade dos territórios onde passavam a exercer seu poder.
Entendendo essa noção de conquista de território, vamos dar um salto para o século XVIII, e encontraremos a “geografia alemã”, que apresenta o espaço como paisagem vital para a sobrevivência de um povo, respaldando o expansionismo territorial. Com a “geografia francesa” vem a idéia de gêneros de vida, ou seja, técnicas que permitiam a adaptação às diversas paisagens, regiões e territórios. As relações de poder criam o território, o qual influencia sobre a identidade, e a noção de pertencimento.
Isto não é diferente quanto ao meio “virtual” (FRAGOSO, 2012). Olhamos as empresas de sites de relacionamento, sempre modificando/adaptando o seu espaço, para obter privilégios exclusivos em várias culturas, distribuindo assim o “poder” de pertencimento e identidade sobre o território virtual. Reiteramos que as redes sociais são exemplos claros destas relações.
Podemos perceber o quanto a comunicação realizada na internet afeta diretamente as relações entre o espaço geográfico e a identidade cultural, uma vez que a vinculação de espaço/território está diretamente ligada aos espaços virtuais. Estes espaços tornam-se territórios à medida que incluem participantes excluindo outros, ressaltado o sentimento de vínculo e associação. O conceito e sentimento de pertencimento é tão grande que percebemos o quanto surgem a todo momento discussões que acabam por subjugar outros grupos virtuais. Temos dentro do próprio site FACEBOOK (www.facebook.com) grupos e páginas em manifesto contra o Orkut (www.orkut.com.br), por exemplo, e seus usuários a todo o tempo postam mensagens recriminando o uso do Orkut. Algumas postagens sugerem a idéia de que o Orkut seria a periferia da internet, forma preconceituosa de discriminação aos usuários e ao próprio site.
À luz da geografia cultural percebemos que esses territórios podem ser caracterizados de modo simbólico, afinal ele é criado por empresas, pessoas que agregam seguidores em comunidades que compartilham ideais como processo de exclusividade. Todo o tempo, observamos integrantes (ou usuários) de sites de relacionamentos entrando em atrito virtual na defesa de seu território. Em exemplos simples podemos perceber o quanto essa defesa de território é presente. Quantos de nós não se sentiu “invadido” quando uma pessoa a quem não temos simpatia entra em nossa página virtual ou comenta algo que postamos, não é verdade? A primeira coisa que dizemos é “fulano entrou no meu FACE!”. Ou nos sentimos íntimos de pessoas que nunca vimos pelo simples fato de sermos “amigos virtuais”.
Participar do espaço virtual cria a sensação de pertencimento a um determinado grupo social. No próprio espaço virtual a segmentação de grupos cria novas territorialidades típicas das diferenças encontradas em nossa própria sociedade. Estas diferenças geram interações, conflitos e até mesmo, negócios – o público especializado de um determinado setor. O espaço e o território não foram eliminados com a internet. Na realidade expandiram-se, ganhando novos significados.
por:
Hudson Giovanni e participação na co-produção do texto de Raphael Ramos (aluno do 3º Período de Geografia da FAVALE/UEMG)
Colaboração do Professor Msc. Evandro Klen Panquestor,
doutorando em Geografia – UFF,
Coordenador do Curso de Geografia da FAVALE/UEMG.
REFERÊNCIAS DOS DADOS CONTIDOS NA COLUNA:
FRAGOSO, Suely; REBS, Rebeca Recuero; BARTH, Daiani L. TERRITORIALIDADES VIRTUAIS, Identidade, posse e pertencimento em ambientes multiusuário online. Disponível em: < http://compos.com.puc-rio.br/media/gt1_suely_fragoso.pdf>. Acesso em 10 de março de 2012.
