Os Desafios de Espera Feliz – Parte 2

Ao redor de Espera Feliz, cidades vizinhas estão vivenciando experiências muito interessantes de desenvolvimento, aliando gestão pública de qualidade, bons projetos, foco nas vantagens comparativas e um toque importante de coragem e ousadia. Fui buscar algumas histórias interessantes em municípios como Venda Nova do Imigrante, Guaçuí, Alegre, Dores do Rio Preto, Pedra Dourada, Alto Caparaó, […]

Publicado em 13/07/2012 - 10:50    |    Última atualização: 13/07/2012 - 10:50
 

Ao redor de Espera Feliz, cidades vizinhas estão vivenciando experiências muito interessantes de desenvolvimento, aliando gestão pública de qualidade, bons projetos, foco nas vantagens comparativas e um toque importante de coragem e ousadia. Fui buscar algumas histórias interessantes em municípios como Venda Nova do Imigrante, Guaçuí, Alegre, Dores do Rio Preto, Pedra Dourada, Alto Caparaó, Manhumirim e Carangola para inspirar os esperafelicenses nesses tempos de escolhas importantes.

 Venda Nova do Imigrante: agroturismo e tradição cultural

Localizado a cerca de 100 quilômetros de distância de Espera Feliz e com uma população de pouco mais de 20 mil habitantes, semelhante à nossa, o município de Venda Nova do Imigrante (ES) foi colonizado por italianos no final do século XIX. Até a década de 1950, o idioma mais falado não era o português, mas a língua veneta, um dialeto italiano. Nas altitudes de quase mil metros, o isolamento dos imigrantes era total. Os transportes eram muito precários, as comunicações eram escassas e as famílias de colonos fabricavam quase tudo o que consumiam em suas pequenas propriedades. Com a  construção da BR-262, a região se integrou melhor ao restante da economia capixaba, fornecendo esses produtos aos mercados dentro e fora do Estado.

Venda Nova do Imigrante começou a despontar como um dos principais polos brasileiros de agroturismo após 1988, ano em que se emancipou. Em 1991, a fundação do Centro de Desenvolvimento Regional do Agroturismo fez deslanchar diversas iniciativas inteligentes para alavancar a economia local. Uma delas foi a criação de um roteiro de visitação dos principais pontos turísticos do município, o mais elevado do Estado do Espírito Santo, que conta com rios encachoeirados, serras belíssimas, rampas de parapente e baixas temperaturas. A outra foi a abertura de uma pequena lojinha no centro da cidade próxima à rodovia, para comercializar a produção artesanal de mais de 80 produtores rurais – massas, queijos, biscoitos, vinhos, geleias e licores

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A estratégia de apostar no agroturismo como âncora da geração de empregos de qualidade deu certo.  A sociedade organizada, com o apoio do poder público, passou a estimular também o resgate das tradições das famílias italianas, promovendo um rentável turismo culinário no entorno da Rodovia dos Produtores, além da Festa da Polenta, nos meses de outubro. A par de elevar a autoestima da população às alturas, as sucessivas administrações de Venda Nova do Imigrante têm sido coerentes na gestão, dando continuidade às escolhas que deram certo. Hoje, o município capixaba conta com um dos mais elevados padrões de desenvolvimento do Estado e uma infraestrutura das mais modernas. Em pouco mais de vinte anos, vem se tornando uma referência nacionais em políticas públicas de agroturismo – dois setores da economia que crescem sem parar no Brasil.

 Pedra Dourada: empreendedorismo e lazer

A 150 quilômetros dedistância de Venda Nova do Imigrante e com uma população de apenas 2 mil habitantes, a pequena Pedra Dourada (MG) deve seu nome a uma grande formação rochosa que, segundos os moradores, está associada ao mito da “Mãe do Ouro”, estrela cadente que vaguearia pelos ares para proteger as montanhas onde haveriam depósitos do metal precioso.  Apesar da beleza estonteante da montanha que batizou a cidade, Pedra Dourada vem ganhando fama por outro motivo, pois possui um tesouro ainda mais precioso que o ouro: a gestão pública de qualidade.

Emancipada do município de Tombos em 1962 e até pouco tempo sem ligação asfáltica com os municípios vizinhos, a cidade vive do café e da agropecuária. A sua inclusão no circuito do Caminho da Luz, por dos anos 2000, trouxe um afluxo maior de turistas para desfrutar dos principais atrativos– estradas rurais, cachoeiras e fazendas. A trajetória de Pedra Dourada, no entanto, começou a se diferenciar das municipalidades vizinhas a partir da segunda metade da década passada, momento em que a administração local apostou na continuidade de projetos iniciados por outros prefeitos e no apoio empreendedorismo para melhorar a qualidade de vida local.

A iniciativa de construir um imenso parque municipal onde já havia uma pequena cachoeirinha, com lagoas artificiais, piscinas naturais, quadras, pistas de caminhada, quiosques com churrasqueira e academia de ginástica, foi saudada como algo nunca antes visto na região. Além de construir parques, revitalizar praças e plantar árvores nas ruas e estradas de acesso, a Prefeitura de Pedra Dourada conseguiu estimular e atrair microempresários de confecção de roupas através do projeto “Mão Amiga˜, por meio do qual cedeu galpões, emprestou equipamentos e arcou com os custos de energia, estimulando uma pequena indústria local.

Como resultado dessas ações bem pensadas, o comércio, o turismo, a indústria e a agricultura têm tido impulso, estimulando a geração de empregos e o aumento da renda. Duas notícias positivas para a cidade são a promessa da Prefeitura em instalar a TV Digital e fornecer sinal de internet sem fio para os moradores na praça municipal. Ademais, será inaugurado, em breve, um hotel de alto padrão. Por sua mão firme no apoio à formalização de pequenos negócios e ao pequeno empreendedor, Silvanir  Simplício de Andrade, o douradense que administra a cidade nos últimos anos, foi recentemente agraciado na 7a edição do Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor, tendo a experiência de Pedra Dourado se tornado uma referencia para os pequenos municípios no país inteiro.

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Alegre, Guaçuí, Dores do Rio Preto e Alto Caparaó: música, pacificação social e turismo de  montanha

Na região do entorno de Espera Feliz, diversos outros municípios têm vivenciado experiências interessantes no que diz respeito à gestão pública de qualidade, à participação da comunidade nas questões de interesse público e à melhoria dos índices de desenvolvimento econômico e social. Alegre, Guaçuí e Dores do Rio Preto, no Espírito Santo, destacaram-se no âmbito regional por focarem seu desenvolvimento, respectivamente, no Festival de Música, no policiamento comunitário e no turismo rural. O tradicional encontro musical de Alegre atrai visitantes de todas as partes do país e fez da cidade uma referencia nacional para a juventude, que lota hotéis, pousadas, albergues e casas particulares. Os ganhos no comércio e na divulgação turística cidade compensam, de longe, os custos envolvidos, que são compartilhados com a iniciativa privada.

Guaçuí, um pouco mais próxima, conseguiu reduzir os seus índices de criminalidade através de uma parceria bem sucedida entre a Polícia Militar, a Prefeitura Municipal e as associações da sociedade civil na década de 1990. Ademais, a cidade conseguiu organizar o seu trânsito de forma lógica e racional, mantendo-o fora do centro da cidade. Já a nossa vizinha Dores do Rio Preto tem prosperado ano após ano com a conclusão do  asfaltamento da Estrada Parque Pico da Bandeira, em torno da qual nascem muitos hotéis, pousadas e lojinhas, atraindo pessoas dos grandes centros urbanos que deseja se instalar nos sopés da Serra do Caparaó.

Foi exatamente esse o diferencial que fez o então distrito de Alto Caparaó, no lado mineiro da serra, se emancipar do município de Caparaó (MG), graças ao empuxo dado pela criação do Parque Nacional, em 1961. Colonizada por famílias de alemães e italianos, o lado mineiro da Serra do Caparaó vem se desenvolvendo à semelhança de Venda Nova do Imigrante, graças à audácia de pioneiros que souberam apostar no turismo como a vocação principal da cidade e oferecer serviços de qualidade aos visitantes. Alto Caparaó possui não apenas uma vista deslumbrante da Serra, como conseguiu organizar-se para atrair e manter os turistas por mais tempo na cidade. Apaixonado pela região, o empresário Ronaldo Gripp, inaugurou, em 1979, o Caparaó Parque Hotel, até hoje a melhor referência na região em hotelaria, inserindo a cidade no circuito brasileiro das cidades montanhosas mais charmosas.

 

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Manhumirim e Carangola: Anel Rodoviário e Calçadão

Manhumirim e Carangola, polos regionais que influenciam Espera Feliz em várias áreas, também têm passado por intervenções urbanas muito positivas nos últimos anos. Em Manhumirim, a construção do Anel Rodoviário retirou do centro da cidade o trânsito pesado de caminhões e carros de passeio, reduzindo o risco de acidentes, evitando o desgaste do calçamento das avenidas e ruas principais e melhorando o trânsito local. Carangola, que sempre foi a cidade mais influente da região, vem tentando dar a volta por cima frente  às recentes perdas de indústrias com projetos ousados, como a recente construção de um calçadão iluminado, arborizado e com piso nivelado à rua na principal via comercial da cidade, que já se tornou uma atração turística.

E Espera Feliz?

Com a aproximação da eleições municipais, os cidadãos estão parando para pensar no que querem para a sua cidade e para a sua vida nos próximos quatro anos. Conforme vimos nos municípios vizinhos, diferentes experiências de  gestão pública inovadora podem ajudar a alavancar o desenvolvimento econômico, a criação de oportunidades e a melhoria da qualidade de vida das populações locais. A despeito das diferentes trajetórias históricas dos municípios vizinhos, a pergunta que se coloca é como o governo municipal de Espera Feliz pode aproveitar um pouco das ações que deram certo para ajudar a agilizar esse desenvolvimento.

Há muitas maneiras de fazê-lo – e a mais simples é manter a Casa em ordem, os serviços públicos funcionando da melhor maneira possível, a gestão pública profissionalizada, os gastos controlados e as portas sempre abertas para as boas ideias e projetos, que existem aos montes em Minas e no Brasil. Espera Feliz tem crescido muito nos últimos anos e vivido um boom de prosperidade poucas vezes visto na região. Esse ciclo virtuoso, se não for interrompido nos próximos anos, favorecerá uma forte mobilidade social e uma maior expansão da malha urbana. Com as nossas vantagens comparativas – localização geográfica, paisagens naturais, fortalecimento de uma classe média, melhoria da educação e revolução da informação – Espera Feliz despontará como um centro regional importante.

De Venda Nova do Imigrante a Pedra Dourada, o denominador comum que ajudou as cidades a prosperar foi a persistente busca de novos objetivos e desafios. A Prefeitura dessas cidades teve um papel importante nesse processo. A boa gestão pública, como a gerência de qualquer negócio, necessitou de profissionalismo e organização. Os prefeitos dessas cidades também tiveram a coragem, a clareza, a ousadia e a firmeza para empreender mudanças estruturais, nem sempre compreendidas à primeira vista, mas que beneficiaram toda a população no longo prazo.

Assim, a lição que permanece é que os bons gestores não foram aqueles que distribuíram mais empregos aos amigos e que fizeram promessas vazias aos eleitores. Os melhores prefeitos foram aqueles que utilizaram de forma inteligente o voto de confiança que receberam, traçando um rumo claro para sua administração e estimulando boas idéias. Acima de tudo, eles tiveram a coragem e a firmeza de reduzir o custo da máquina pública, cortar desperdícios, buscar outras experiências e ter a humildade de dar prosseguimento às iniciativas bem sucedidas de antecessores. Sem programas, objetivos e metas, o que sobra na gestão municipal é apenas amadorismo, improvisação e demagogia.

 

Enrique Carlos Natalino, bacharel em Direito e mestre em Administração Pública, é Assessor de Relações Internacionais da Secretaria-Geral da Governadoria  do Estado de Minas Gerais

 


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