Este é um artigo ou crônica pessoal de Paulo Faria.
Não se trata de uma reportagem ou opinião do Portal Espera Feliz.
A democracia é de fato uma coisa linda. Em países em que o estado democrático de direito funciona minimamente, qualquer cidadão, dentro da lei, é livre para expor suas aspirações políticas, manifestar pelas mais nobres causas e até ser um Power Ranger na luta contra o monstro neofascita. E no Brasil de 2018 a grande ordem do dia é exatamente essa: “todos” contra o perigo fascista/nazista que anda a aterrorizar nossa sociedade na figura do senhor Jair Messias Bolsonaro. E quando eu digo “todos”, exclua dessa conta a maior parte dos brasileiros que estão mais preocupados em sobreviver a um país com cara de terra arrasada a ter um engajamento de conveniência.
No último fim de semana, milhares de pessoas foram às ruas, num exercício livre de democracia, para protestar contra o líder das pesquisas eleitorais pela suposta ameaça nazista que o candidato representa. Sindicalistas, professores, estudantes, movimentos sociais, “artistas”: todos contra o “ódio”; todos a favor do #elenão. No embalo da manada, até gente do naipe da cantora Madonna que possivelmente nunca viu um pobre na vida aderiu à causa. Democracia é isso aí.
Mas, como a besta do apocalipse está sendo difícil de derrotar, os movimentos do amor nascidos no seio das universidades públicas, das rodas de conversa dos “intelectuais” que tutelam o oprimido (leia-se: as minorias), é natural que suas manifestações se estendam às universidades do interior, como na UEMG/Carangola.
Um grupo criado no Facebook intitulado “estudantes da UEMG e Carangola contra Bolsonaro” programou uma manifestação marcada para esta quarta-feira no intuito de conter o “Coiso”, o “Indizível”, o “Inominável”, já que nem uma facada do bem foi capaz de vencê-lo. Esse movimento que está arrebatando os corações e mentes dos nossos revolucionários estudantes é uma espécie de “O dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro”. Esteja onde estiver, Glauber Rocha deve estar orgulhoso dos nossos salvadores. A revolução não pode parar.
Eu sei que estou dando mais importância a este movimento do que deveria, mas como ex-aluno daquela unidade, acompanhei de perto manifestações semelhantes capitaneados por estes alunos que se engajam ou por ignorância ou por casuísmo ideológico. Duas se destacam: o manjadíssimo “Fora, Temer” e o “não à reforma da previdência”.
Óbvio que se comparada a outras universidades públicas das capitais, a UEMG/Carangola está longe de ser um berço de militância esquerdista. O engajamento por parte dos professores ficam nas entrelinhas e encontram resistência por grande parte dos alunos que tem preocupações mais reais no dia-a-dia como trabalhar e estudar, por exemplo. Mas de toda forma, não dá pra deixar de fazer aquela constatação clichê: nossas universidades públicas, no geral, estão cada vez mais formando um exército de militantes de esquerda que profissionais. Afinal, é mais emocionante aderir ao #elenão que vencer na vida. Ideologia: eles precisam de uma pra viver.
E convenhamos: é bonito pelejar bravamente por uma causa; mesmo quando a causa está sendo defendida por gente que acha que a capital do Brasil é Buenos Aires e que nosso idioma oficial é o espanhol. Ele não!, ele nunca! Democracia é isso aí.
Agora, mais constatações clichês sobre nossos heróis da UEMG, artistas da lei Rouanet e demais libertários contra a “ameaça neofascista”: onde estavam os mesmos quando Lula e Dilma destruíram a economia deixando como legado 50 milhões de miseráveis, 13 milhões de desempregados e 63 mil assassinatos anuais? Onde estavam eles quando o ex-presidente Lula armou o mensalão, o petrolão, surrupiando bilhões de dinheiro público para enriquecimento ilícito e para manter um projeto criminoso de poder? Onde estavam estes bravos guerreiros quando foi montado caixa 2 no valor de 1,4 bi para eleger a mulher-sapiens que saúda a mandioca e estoca vento? Por onde perambulavam estes seres quando começou o processo da multiplicação de pobres e de analfabetos funcionais? Onde se encontravam os santos protetores das minorias quando sua divindade, o Lula, chamou as militantes do PT de “mulheres de grelo duro”? Em que universo perambulavam os paladinos da justiça social quando Mauro Iasi, do PCB, num discurso muito amoroso incitou o assassinato de conservadores e liberais de direita, ou quando Stédile, do MST, numa fala terrorista pregou uma guerra civil? Ou quando o PT financiava com dinheiro roubado dos pagadores de impostos ditaduras socialistas sanguinárias? E ainda: onde estava essa turma quando o Museu Nacional ardia em chamas causadas pelo aparelhamento dos camaradas do PSOL?
É por essas e outras que gente normal, que tem na cabeça algo mais que cabelo, não deve levar estes militantes a sério: eles sempre agem por cegueira ideológica ou porque há um defeito grave no chamado filtro moral.
Democracia é isso aí.
Por Paulo Faria.
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Paulo Faria é um amante do cinema de horror e rock ‘n’ roll. É professor por formação, humorista por conveniência e escritor por aspiração.