Este é um artigo ou crônica pessoal de Paulo Faria.
Não se trata de uma reportagem ou opinião do Portal Espera Feliz.
As primícias básicas do jornalismo dizem que seu exercício deve ser praticado com independência e imparcialidade. Isso quer dizer, que só pode ser considerado jornalismo aquela notícia veiculada sem comprometimento nenhum com empresas privadas ou partidos políticos. O que passar disso ou é ‘informe publicitário’ ou é ‘assessoria de imprensa privada’ (ou puxassaquismo mesmo).
No Brasil, é praxe veículos de comunicação como jornais, sites, blogs, revistas, etc. lucrarem descaradamente em cima de conchavos políticos. Sempre há empresários ávidos pelo lucro fácil e políticos por promoção.
Citando, por exemplo, as mídias que existem por aqui, na região do Caparaó mineiro (Caparaó, Caiana, Espera Feliz, Carangola; só pra citar algumas), é fácil verificar que praticamente todas veiculam notícias vendidas. É aquela velha história que todos conhecem: no Brasil todo mundo quer tirar leite da máquina pública, e os pseudos jornalistas estão sempre dispostos a venderem seus preciosos serviços a quem lhes pagar melhor. É a famosa prática conhecida como “jabá”.
Portanto, caro leitor, se ao receber um periódico qualquer e lá estiver a fotografia de algum agente público sorridente, feliz, com manchetes do tipo: “Fulano de Tal tapou o buraco da rua Tal” ou “Fulano de Tal reformou o cemitério Tal”, quer dizer que muito provavelmente essas “noticias” estão sendo pagas (e muito bem pagas, diga-se) com dinheiro público. Sim, é o seu dinheirinho sendo usado para promover o seu político.
Ora, se um açougueiro vende um quilo de carne, isso não é notícia, pois, faz parte do ofício deste profissional vender carne. Mas se o mesmo profissional vendeu um quilo de carne contaminada e matou uma família inteira, isso passa a ser notícia pelo simples fato dessa venda ter causado outro efeito, que não foi o de saciar a vontade de comer carne.
Por isso, se um político tapou um buraco na sua rua, isso não é um favor, mas sim uma obrigação. Nada de errado se algum veículo de comunicação privado quiser publicar o feito, desde que haja critérios para isso. E uma das formas de saber se o seu dinheiro está sendo usado para trambicagens junto a jornais, revistas e etc., é pedir à câmara de vereadores uma cópia da relação de gastos com comunicação e verificar se alguma empresa de mídia não está recebendo honorários absurdos para fazer publicidade política.
A lei assegura a liberdade de expressão bem como a publicação de balancetes das contas públicas de prefeituras em jornais. O problema é que sob a “desculpa” de publicar o balancete da prefeitura “x”, há sempre um acordo obscuro entre empresários do ramo jornalístico e políticos.
É bom ficar atento.
Paulo Faria é um amante do cinema de horror e rock ‘n’ roll. É professor por formação, humorista por conveniência e escritor por aspiração.