Paulo Faria

Este é um artigo ou crônica pessoal de Paulo Faria.
Não se trata de uma reportagem ou opinião do Portal Espera Feliz.

A Política do Churrasco com Gasolina

A política do “churrasco com gasolina” é o que o povo conhece como a arte de fazer política.

Publicado em 14/09/2016 - 10:33    |    Última atualização: 14/09/2016 - 11:54
 

ESTE ARTIGO FOI ESCRITO POR PAULO FARIA EM 2012 PARA O SITE “TUDO MINAS” E AGORA É REPUBLICADO NO PORTAL ESPERA FELIZ.

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Quando na antiga Roma começou a ser realizada a política do “pão com circo”, ninguém poderia imaginar como ao longo do tempo essa “despolítica” iria evoluir e se difundir. Principalmente no terceiro mundo. Aliás, mais precisamente nas cidades do interior brasileiro.

São chegadas as eleições municipais e os ânimos, como sempre, se aquecem quase que de forma generalizada. As pessoas vibram, xingam, balançam bandeiras como numa final de Copa do Mundo. Para elas, as eleições costumam ter só dois lados: o “bom” e o “ruim”. O “bom” é o meu lado; “o ruim” o do outros. Agem como se o ser humano (no caso os políticos e partidários) fosse algo feito de emoções totalmente díspares: ou um anjo de candura ou o satanás…

Numa outra ponta, estão os políticos prontos a dar combustível a essa massa. Literalmente; e de quebra, um churrasquinho e algumas grades de cerveja.

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Isso é algo que sempre aconteceu em eleições municipais, porém, embora a justiça eleitoral proíba esse tipo de prática, o ato tornou-se tão comum que já virou “carne de vaca” (com perdão do trocadilho).

Assim sendo, eleitores munidos de seus veículos fazem fila para garantir seu sacrossanto combustível semanal; e a alegria se torna plena quando nos comícios – ou como dizem por aqui -, “encontros da família x”, a churrascada e a ‘cachaçada’ rolam soltas. Dentadura e caixão são itens que já não chamam mais tanta a atenção.

Essa nova modalidade, batizada por este que vos escreve como a “política do churrasco com gasolina” é a metáfora perfeita para sintetizar as aspirações do eleitorado, sobretudo, o da nossa região. Ora, um político é apenas o reflexo daquele que o elege. É o eleitor que constrói um político, e se ele for bom ou ruim, a responsabilidade é inteira do votante. A melhor qualidade ou o pior defeito que um político pode ter são seus eleitores. É um clichê, mas é a verdade.

É fácil dizer que a culpa é do “sistema” (sempre ele); que as coisas são “assim mesmo”; mas, para tirar uma conclusão mais racional é preciso levantar a seguinte questão: quem veio primeiro, o eleitor ruim ou o político ruim? Não há como separar essas duas coisas, pois, ambas são produtos uma da outra. A culpa talvez seja da nossa história; da nossa cultura; do nosso jeitinho brasileiro de querer sempre levar vantagem em tudo; da nossa “deseducação”…

Eleitores ruins produzem políticos ruins, que produz educação ruim, que produz eleitores ruins. Simples assim. Só não dá pra saber a ordem que começa o quê.

Mas o que importa? A política do “churrasco com gasolina” (que no nordeste pode ser a da “buchada de bode com farinha”, ou no sul a do “chimarrão com charque”…), é o que o povo conhece como a arte de fazer política. O negócio é a gasolina no tanque, o churrasco no prato e a cerveja no copo, já que “depois”, como dizem muitos, “eu não vou ter nada mesmo”.

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E assim vamos seguindo sendo “bestas contentes”, nos tornando vítimas inconscientes de nós mesmos.

Por Paulo Faria.

NOTA: O autor desse artigo não tem pretensão nenhuma, mas nenhuma mesmo, de conscientizar ninguém. Ele só estava com tempo de sobra, tanque vazio e de saco cheio.

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Sobre Paulo Faria

Paulo Faria é um amante do cinema de horror e rock ‘n’ roll. É professor por formação, humorista por conveniência e escritor por aspiração.


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