Este é um artigo ou crônica pessoal de Mara Rubia.
Não se trata de uma reportagem ou opinião do Portal Espera Feliz.
Finalzinho do primeiro mês do ano. O champanhe já foi estourado há alguns dias, a ressaca já passou, pelo menos, a do ano novo. Na primeira semana de janeiro, recebi uma mensagem no WhatsApp: “Bom dia, Mara! Tudo bem? Como foi seu ano novo?”. Verbo conjugado no passado, desse jeitinho. E sim, talvez o ano já não tenha quase nada de novo. Muitos já estão presos na mesma rotina de trabalho que já existia no ano velho. Outros, como os profissionais da área da educação, estão em contagem regressiva, seja por saudade ou ansiedade, dos últimos dias das férias.
Ainda é ano novo?
Grupo fascista se reúne na Itália, no que parece uma visão de um passado que não vivemos, quando soldados alemães saudavam seu Führer. Artista circense, mulher, cicloviajante, mulher, estrangeira, mulher, é cruelmente assassinada no Brasil. E, inevitavelmente, nos perguntamos o porquê de ela estar viajando sozinha, de bicicleta, sendo uma mulher. Pensamento digno da sociedade que recebemos e continuamos construindo.
E tudo segue o fluxo que já vinha seguindo antes de a Terra terminar sua volta magnífica ao redor do sol. Eis um espetáculo digno de menção! O movimento de todo universo. Que continuará, com ou sem a presença humana.
Desculpem-me! Este texto não tinha a intenção, mesmo com um título tendencioso, de ser desmotivacional. Acho que, ao contrário disso, é uma reflexão sobre o que é novo, o que ainda há de novo para celebrar, o que a gente faz de novo para gerar felicidade e entusiasmo.
Estamos no primeiro mês de uma nova lista de metas. Meditação todo dia, um livro por mês, atividades físicas, organização da casa… Enfim, uma lista que parece algo bobo e infantil, mas que tem um potencial incrível de nos fazer acreditar que o ano é novo até o último dia de seu fim. Mas, estamos prontos para cumprir os itens dessa lista, ignorando muitos dos sentimentos e das velhas sensações de conformismo, procrastinação, desânimo, inércia, incapacidade…? Estamos prontos para seguir sendo e vivendo um ano novo? Ou será que o ano novo acabou junto com a taça daquele espumante doce e barato que foi usado para brindar a vida nova que se fazia presente na embriaguez de uma risada otimista?
Por aqui, meta de escrever um texto por mês cumprida. Agora, é aguardar se o ano novo estará vivo durante os próximos meses. E, apesar dos pesares de sermos uma raça caótica, a felicidade bate à porta em alguns momentos egoístas que se revelam importantíssimos para a caminhada coletiva.
Um bom ano novo para você, se ainda estiver no ano novo!
Por Mara Rubia.
Graduada em Letras e Pedagogia, atua como Especialista em Educação Básica na rede estadual, mas para este espaço, esta não é a parte mais interessante sobre ela. Aqui, o que mais importa são as várias facetas das vozes que a habitam e que insistem em emergir através das palavras. Nesse lugar, ela será tantas, mas tantas, que seria impossível uma definição.