Este é um artigo ou crônica pessoal de Meus Dois Centavos, com Gustavo Almeida.
Não se trata de uma reportagem ou opinião do Portal Espera Feliz.
O mundo se encantou com um garoto órfão por mais de 30 anos, e hoje é o mundo quem acorda órfão. Morreu o Chaves… Aliás, morreu Bolaños, pois o Chaves, felizmente, é imortal.
Hoje, infelizmente, a gratidão e a alegria que sinto ao lembrar de cada fala de cada episódio, se mistura com a tristeza sincera de saber que o Chavinho não está mais entre nós.
Tamanha é a tristeza, que chorei… Chorei como no dia em que o Chaves foi embora da vila… Chorei como quando todos foram para Acapulco e o Chaves ficou… Chorei mais do que o dia em que o Chaves disse que há anos estava aguentando a vontade de tomar café da manhã… Mais até do que quando ele sugeriu que pedissem à fonte dos desejos que pudesse almoçar todos os dias…
Hoje, o sabor de todos os sanduíches de presunto do mundo não é mais o mesmo. Não têm mais gosto.
Chaves era pobre, mas o mundo, hoje, acordou muito mais pobre do que ele. Sem Bolaños, o mundo é menos engraçado. E muito menos genial.
Mas em meio à tristeza, expresso minha eterna gratidão, por décadas de ensinamentos e divertimentos. Através das frases e cenas estupendas de Bolaños, aprendi muita coisa.
Aprendi que as pessoas boas devem amar seus inimigos, e que a vingança nunca é plena, mata a alma e envenena. Aprendi que todos os animais comem com o rabo, e que “Satanás” é um ótimo nome para um gato de estimação.
Aprendi que os refrescos que parecem de limão são de groselha e têm gosto de tamarindo. Os que parecem de groselha são de tamarindo e têm sabor de limão, e os que parecem de tamarindo são de limão, com sabor de groselha.
Descobri que não se deve fazer um poema cujo verso é repetido quarenta e quatro vezes, e que quem come e não reparte nada, fica com a barriga inchada.
Percebi que dizer “Tá bom, mas não se irrite” na verdade pode acabar é por irritar ainda mais a outra pessoa, e que um “Foi sem querer querendo” nem sempre te redime de alguma mancada.
Entendi que não há nada mais trabalhoso do que viver sem trabalhar, e que é uma atitude extremamente nobre deixar as vagas de empregos para as pessoas mais jovens. E quem aí não correria pro banheiro ao escutar que “Já chegou o disco voador” ?
O tempo passa para todos. Não devia, mas passa… Se você é jovem ainda, amanhã velho será! E o importante é que o coração sustente a juventude, que nunca morrerá. Bolaños sustentou essa juventude em seu coração. Morreu com apenas oito anos de idade, mesmo preferindo morrer do que perder a vida. E deixou pra trás uma vila, agora vazia e silenciosa.
Mas certamente, hoje teve sanduíche de presunto no café da manhã do céu. E no telão celestial, com certeza está passando o filme do Pelé.
Gracias, Chespirito! Hasta siempre!
Gustavo Almeida é advogado, empreendedor, diretor de jornalismo do Portal Espera Feliz e nas horas vagas publica suas opiniões sobre assuntos diversos, mesmo que ninguém tenha perguntado!