Este é um artigo ou crônica pessoal de Amanda Gerardel.
Não se trata de uma reportagem ou opinião do Portal Espera Feliz.
Debruço-me sobre suas linhas brancas, essas linhas curvas e delgadas que aos poucos adquirem a função de registrar sensações e contrastes de um amor que aos poucos se constrói.
Ergo as linhas brancas sobre mim, e acaricio com a ponta dos dedos cada parte de tua poesia, como se assim me soasse mais clara e inteligível, e tornando-se poesia, as linhas do teu corpo são um mistério para mim, que tão literal, precisa analisar e observar com tamanha atenção, para que as entrelinhas não passem despercebidas.
Debruço-me então, como uma estudiosa, que a cada parágrafo do teu corpo, reproduz toda teoria e estudo para chegar ao cerne da tua mensagem. Cada carícia se torna um verso, cada beijo, uma cadência, cada murmuro, uma estrofe da poesia mais vasta que há no unir de corpos.
Sinto como quem sente a melodia da troca compassada, as batidas do teu coração, com o peito junto ao meu, enquanto dançamos ao ritmo da melodia mais bela já criada pela natureza.
Nos tornamos então, um verso só, de uma epopeia de amor, assim como deuses lançam sobre a terra a tua mais torpe fúria humana, lança-me cada fagulha do ardor mais profundo do desejo divino.
As linhas do teu corpo, emolduradas em minha retina, se tornam o poema mais belo, e a cada dia compomos um novo verso, dessa sonata entoada com o mais vívido desejo.
Se há pecado em contornar essas linhas com minha boca, repleta de versos desejosos, não sei, há de me perdoar qualquer divindade que ouse julgar errada a sonata dos amantes, mas a mim, a consciência já deixou de exaltar as preces canônicas a detrimento das cantigas de amor, aqui, onde as pautas deste livro de carne e osso se abrem ao meu mais puro desejo e afeto.
E enquanto o revoar da aurora não se faz presente, continuamos a tecer nossos versos de amor.
Por Amanda Gerardel.
Provavelmente a pessoa mais perdida e desequilibrada desse Portal. Seus textos refletem isso, não crie expectativas, apenas leia, reflita e aprecie o que a loucura pode gerar no fenômeno da escrita.