Publicado em 14/11/2018 - 08:16 | Última atualização: 14/11/2018 - 08:20
Mr. Roger é uma daquelas figuras - que ao lado de Bono Vox e Tom Morello - olham para o terceiro mundo como grandes zoológicos de espécies exóticas.
Findadas as eleições deste ano no Brasil, possivelmente uma coisa deverá ser objeto de estudo no futuro: a canastrice vergonhosa dos principais atores contra a “opressão” ao povo brasileiro. A lista destes bravos mártires é enorme: vai de Sasha Meneghel a Anitta; de Pabllo Vittar a Fernanda Lima. Há ainda, nesse meio, gente gringa muito importante que jura de pé junto entender tudo, tudinho mesmo de Brasil: Dua Lipa, Lauren Jauregui, Alfoso Herrrera, Shangela, Black Eyed Peas… é tanta fera junta que fica até difícil a disputa pelo troféu “o imbecil do ano”.
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Mas, embora a lista seja enorme, foi difícil alguém superar o senhor Roger Waters. O cantor é de longe o pateta do ano.
Waters, grande guerreiro do povo brasileiro, foi um dos que aproveitando sua passagem por aqui para uma série de apresentações aderiu à modinha #elenão. É que entre um show e outro, sempre dá tempo de tentar salvar o mundo. E salvar o mundo é uma especialidade do músico, afinal, o que seria dos Estados Unidos, Reino Unido, Áustria, França, Polônia e Hungria sem a intercessão quase divina de Mr. Roger? Seriam nações desgraçadas pelo neofascismo, claro.
O problema de Mr. Roger é que enquanto ele, setores da imprensa, do judiciário, das universidades diziam uma coisa, o povo “oprimido” dizia outra. Faltou combinar com o público, inclusive, com o seu próprio, que pagou até 800 pilas para vê-lo e não o poupou de vaias colossais.
Mr. Roger é uma daquelas figuras – que ao lado de Bono Vox e Tom Morello – olha para o terceiro mundo como grandes zoológicos de espécies exóticas. É do tipo que tem fetiche pela miséria terceiro-mundista e por engajamentos inúteis; que vê o Brasil, por exemplo, como um enorme agrupamento de idiotas incapazes de tomarem decisões autônomas. Salve salve nosso lacrador inglês!
Outro problema de Waters é que sua hipocrisia é do tamanho de sua conta bancária. Ao aderir ao movimento #elenão o cantor ignora as verdadeiras aspirações da maior parte do povo brasileiro que tem preocupações maiores do que ser um revolucionário de porta de botequim. É difícil levar a sério um sujeito que enquanto faz seu circo mambembe afaga criaturas bisonhas como José Mujica e o criminoso Lula. A verdadeira face de um farsante é revelada quando o mesmo tem ressalvas em criticar o autoritário Putin ou ignora os problemas do Congo ou do Sudão, pra ficar em dois exemplos.
Ser velho, multimilionário e talentoso não gabarita Roger Waters a opinar sobre política interna do terceiro mundo. O gabarita sim para escrever excelentes álbuns como “The Dark Side of the Moon” ou “The Wall”. De resto, Roger Waters é apenas uma fraude brincando de revolucionário de ocasião.
Por Paulo Faria.